Os refrigerantes, salgados e doces industrializados estão perdendo a batalha contra as frutas, sucos naturais e alimentos integrais na alimentação escolar. Pelo menos é o que afirma o governo do Estado, que implantou neste ano a Lei 14.423, conhecida como Lei da Cantina Saudável. A experiência, que também funciona no estado de Santa Catarina e município de Rio de Janeiro, pode ser estendida para todo o País.
A chefe do Departamento de Apoio Escolar do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar), Márcia Stolarski, afirmou que um levantamento preciso sobre a adaptação das escolas ainda está sendo concluído. Porém, adiantou que 30% das cantinas comerciais que funcionam nas escolas fecharam as portas devido a falta de mão-de-obra para elaborar os alimentos. Em contra-partida, houve um aumento do consumo da merenda escolar. "Nós procuramos ajustar o cardápio da merenda. Nas escolas centrais, por exemplo, os alunos têm preferência por doces, e nas das periferias, eles preferem os salgados", diz.
A resistência inicial que as escolas tinham em relação a lei está mudando, acrescenta Márcia. Segundo ela, os problemas que ainda ocorrem são em relação aos alimentos que são trazidos de casa. "Devido a falta de tempo, os pais acabam optando por alimentos baratos e práticos, e os salgadinhos e refrigerantes voltam à alimentação das crianças", ponderou. Para a chefe da Fundepar, é necessário investir na conscientização dos pais. No próximo dia 17, um dia após ao Dia Nacional da Alimentação, será realizado em todo Estado uma campanha para propagar a alimentação saudável.
Situação
A preocupação com a alimentação nas escolas está baseada em estudos que mostram que a obesidade infantil está crescendo. Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 50% das crianças obesas já aos seis meses de idade, 80% permanecerão obesas quando chegarem aos cinco anos. Já a Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita entre 2002 e 2003, concluiu que nas últimas décadas houve uma redução no consumo de frutas e hortaliças, e um aumento de 400% no consumo de produtos industrializados, refrigerantes e biscoitos.
Influência
Uma alimentação saudável na infância e adolescência terá influência positiva em aspectos como saúde, desenvolvimento intelectual e educacional do adulto. Além disso, evita problemas como obesidade, cáries, osteoporose e alguns tipos de câncer, diabetes e problemas cardíacos.
A nutricionista e professora de Nutrição Materno Infantil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Lenice Teresinha Bussolotto Monteiro, afirma que bebidas, balas e salgadinhos possuem muito corante, que pode causar problemas como reações alérgicas e náuseas. "O ideal seria incentivar as crianças a consumir frutas", comentou. (RO)