Mercadorias para todos os tipos de gostos

Daqui a um mês, o Mercado Central da Matriz, na Praça Rui Barbosa, em Curitiba, completa nove anos. O local foi adaptado para abrigar os ambulantes que antes faziam negócio na Rua Pedro Ivo e na praça. Em um lugar coberto, com ?barracas? fixas e sem precisar guardar a mercadoria todo final de dia, os ambulantes passaram a ser mercadistas. Se o mercado é melhor que a rua? As opiniões são tão diversas quanto as mercadorias vendidas no local.

De acordo com o administrador regional do mercado, Omar Akel, a organização dos ambulantes nas ruas daquela região foi uma solução boa para uma época em que o desemprego crescia, há nove anos. No entanto, com o passar do tempo, a quantidade de barracas na área foi se tornando problema. ?Aí que foi criada a alternativa do Mercado Central. Eram mais de 500 ambulantes na rua. Hoje são 430 mercadistas que se dividem em quatro modalidades: artesanato, comércio de artigos em geral, alimentos e frutas e verduras?, explica Akel.

Apesar de o espaço manter os quatro setores, Akel informa que o de frutas apresenta dificuldades, ?principalmente porque abriram muitos sacolões nessa região?. ?As pessoas desse setor que vieram para o mercado não estão conseguindo se adaptar muito bem. Uma parte está até querendo mudar de atividade?, lamenta o administrador.

Maria Aparecida Leite, de 48 anos, é uma das mercadistas de fruta que veio da rua e resiste no mercado. ?Eu gosto de trabalhar aqui. Gosto principalmente do que eu vendo. Adoro mexer com as frutas?, conta Maria. O que ela aprecia, tanto quanto o produto que comercializa, é a amizade que mantém com os vizinhos de box. ?A gente se dá super- bem. Quando um vai almoçar, um vende para o outro e toma conta da barraca?, diz a vendedora.

Variedade

Segundo Akel, os demais setores vão muito bem. O tamanho e o movimento do terminal da praça atraem um público potencial muito grande. ?Tem coisas muito boas aqui dentro. Os visitantes ficam bobos com a diversidade do Mercado Central, mas grande parte da população curitibana ainda não conhece o mercado. Aqui tem coisas difíceis de achar, muita variedade e opções de escolha. Quem quer um enxoval do Coritiba ou do Atlético, tem aqui. Se alguém quer rastafari, aqui também tem. Sabonete então, nem se fala: de todos os aromas, cores e tamanhos?, exemplifica Akel.

Rosa Pinheiro, 78 anos, está na ala do artesanato. ?Para mim, o mercado é ótimo, principalmente porque a chuva não atrapalha e na rua eu peguei até pneumonia. Sem contar que a relação é muito boa com os outros vendedores. Sou a mais velha e todo mundo me respeita?, conta Rosa. Ela comenta que antes pintava, costurava e vendia seus próprios produtos, mas hoje precisa da ajuda dos netos, mas faz do mercado uma terapia, para o corpo e a mente. ?Gosto daqui porque a gente está sempre conversando, distraindo. Precisa ver como minha cabeça é boa. Faço todas as contas sem usar a calculadora. Enquanto estou empacotando o produto, estou calculando?, relata dona Rosa, que mantém uma boa clientela, fornecendo para escolas, restaurantes e até colegas do mercado.

Já na ala dos artigos em geral, tem a Laureci Müeller, 63 anos, que, ao contrário de Rosa, não gostou de estar no lado de dentro. ?Quando trabalhava na rua, era melhor do que aqui dentro. É coberto, não precisa guardar as coias, mas a venda piorou bastante, mais de 50%?, lamenta a comerciante. No entanto, apesar de vender menos, ela diz que a relação ficou mais próxima. ?A relação com os vizinhos é ótima. Parece tudo parente?, afirma.

Reivindicação

Atualmente ainda mais organizados, os mercadistas têm até uma associação: Associação do Mercado Central (Amec). A presidente Maria José de Oliveira afirma que, certamente, foram nove anos de muitas conquistas, mas ainda há pelo que reivindicar. ?Queremos que a Urbs volte a fazer apenas um projeto e um contrato, que volte a ser de concessão (no lugar da licitação que é feita hoje). Outra coisa é que o mercado é bom, bonito, está melhorando, mas ainda falta muita divulgação. Falta para nós propaganda?, declara Maria, que tem um box de produtos turísticos na ala do artesanato.

Prefeitura trabalha para transformar o local em ponto turístico

Durante os eventos ambientais da ONU sediados em Curitiba (COP8 e MOP3), o administrador Omar Akel percebeu um movimento bastante interessante no Mercado Central: ?Apareceram muitos estrangeiros aqui e saiam com muitas mercadorias?, conta. Segundo ele, é no segmento de turismo que a Prefeitura pretende inserir o Mercado Central.

?Estamos trabalhando para transformar o Mercado Central também em um ponto turístico. Estamos montando um projeto junto com a Urbs e o Ippuc para dar uma nova roupagem ao mercado e criar os espaços necessários e, além disso, trazer a linha Turismo de ônibus até aqui?, informa Akel.

Outro projeto que deve sair até o final deste ano é a criação de um espaço para garantir atividade também para os filhos dos mercadistas que geralmente, tendo que acompanhar os pais, ficam ociosos. ?As crianças, filhos dos mercadistas, quando não estão na escola, vêm para cá, mas não têm muito o que fazer a não ser brincar nas escadas. Temos uma proposta para implantar um Espaço Criança, um espaço de convivência para elas, inclusive com acompanhamento escolar, com a ajuda da Secretaria de Educação?, adianta o administrador.

Outro problema do Mercado Central que, segundo ele, precisa ser contornado o quanto antes, é o das aves. ?Tem muita pomba que fica sobre o Mercado Central, principalmente porque as pessoas jogam alimentos na praça, sem saber que esses bichos podem trazer doenças. Precisamos alertar, principalmente os pipoqueiros da praça, que jogam os milhos da panela para as aves.? (NF)

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