A história do Mercado Municipal de Curitiba se confunde com a história de Osvaldo Cardoso Vieira. Os dois começaram como um pequeno negócio, voltado à comercialização de frutas e verduras.
Hoje, o mercado conta com 167 comerciantes instalados, que vendem de tudo. Já Seo Osvaldo possui três lojas e dá emprego para sete funcionários, além da esposa, duas filhas e um neto. E essas duas histórias começaram há 50 anos.
Assim como Seo Osvaldo, que deixou a loja de sapatos no interior de São Paulo onde trabalhava como empregado para investir em um sonho, muito outros comerciantes fizeram a vida nos corredores do Mercado Municipal.
Hoje, muito além de ser um centro comercial, o local se transformou em um ponto de encontro de famílias e amigos, e um dos mais importantes pontos turísticos de Curitiba. Semanalmente passam pelo local mais de 55 mil pessoas.
Lucimar do Carmo |
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Seo Osvaldo: história do comerciante se confunde com a do mercado. |
A aposentada Maria Aparecida Tobias veio de Minas Gerais e visitou o mercado pela primeira vez. Ela conta que ficou feliz em encontrar produtos típicos da sua região vendidos no local, assim como muitas novidades. “Aqui é um colírio para os olhos”, definiu.
Sempre que vem a Curitiba, o técnico de vôlei Sérgio Ricardo Collodoro passa no mercado para comprar produtos diferenciados e com preços competitivos. “O bacalhau aqui é mais barato”, afirma, confirmando que aproveitou também para comprar frutas, doces de arroz e carne seca.
Mário Shiguemitu Yamasaki, presidente da Associação dos Comerciantes que trabalha há mais de 40 anos no mercado, afirma que os grandes diferenciais do espaço são a qualidade dos produtos e o atendimento. “Aqui o cliente chega e é atendido pelo dono, o que faz toda a diferença”, disse.
O comerciante afirma que nesses 50 anos, o mercado não perdeu espaço para os supermercados e feiras livres. “Eles atuam com segmentos diferentes”, ponderou. Além disso, o Mercado Municipal oferece muitos produtos exclusivos, que não se encontram em qualquer lugar.
Entre os exemplos estão as frutas típicas de regiões quentes, como jambo roxo, jatobá, cupuaçu e sapoti. Assim como é possível encontrar no local frutas de época sendo vendidas durante o ano todo, como o morango, importado do Chile.
Também se encontram produtos pouco comuns, como pinça com luzes, cortador de comprimidos, segurador de milho, amolador de facas, agulha para cego e uma variedade de pomadas “curadoras” de plantas medicinais. “Aqui a gente tem quase tudo, só não tem carro, por enquanto”, diverte-se Yamasaki.
Vem aí espaço para orgânicos
Construído em 1958, o Mercado Municipal de Curitiba possui uma área total de 4,5 mil metros quadrados, 152 permissionários, 102 bancas de hortifrutigranjeiros e 232 lojas. Emprega 450 pessoas de forma direta e outros dois mil de forma indireta.
Só no último ano o setor atacadista instalado no ali comercializou 438 toneladas de produtos. O mercado apresenta alguns diferenciais em relação a outros do País. Conta com espaço para cursos e eventos e é pioneiro em contar com uma unidade de manipulação do Sistema de Inspeção Municipal (SIM).
Ele será o primeiro do Brasil a ter um espaço para alimentos orgânicos. A área de 3,7 mil metros quadrados será inaugurada em setembro e terá 22 pontos de vendas, incluindo açougue, lanchonetes, mercearia, restaurante e artesanato. No local são vendidos hoje 72 mil itens.
A partir de outubro, o consumidor poderá pesquisar em detalhes esses produtos através de um site que está sendo construído. Nestes 50 anos o mercado passou por duas grandes reformas, em 19,98 e em 2002. Para o ano que vem, também estão previstas novas obras no local, entre as quais a ampliação da área de estacionamento.