Quando se fala no Mercado Municipal de Curitiba, nada é exagero. Na próxima terça-feira, faz 47 anos que o local abriu suas portas. O Mercado oferece mais de 72 mil produtos alimentícios, sendo impossível não encontrar tudo o que se procura para um jantar especial. Mais de dois milhões de pessoas passam por ali anualmente.
Apesar dos números positivos, uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) com 2.583 freqüentadores vai orientar a implantação de uma série de melhorias. Estão previstas mudanças paisagísticas e facilidade de estacionamento. Segundo o diretor da Unidade de Abastecimento da Secretaria Municipal de Abastecimento da Prefeitura de Curitiba, Luiz Gusi, foi observado que 64,27% dos usuários costuma ir sozinha ao local. ?Isso demonstra que as pessoas vão até lá com um destino certo. Realizam a compra e vão embora?, explica. A intenção é tornar o local mais atraente para que as pessoas adquiram o hábito de passear com a família, conhecendo melhor a variedade de produtos que existem ali e alavancando as vendas. Segundo Luiz, o projeto está em fase de elaboração e, até o fim do ano, as mudanças devem estar concretizadas.
A pesquisa também revelou que 56,58% das pessoas vai de carro até o mercado. Encontrar uma vaga para estacionar entre as 11h e 14h muitas vezes vira motivo para dor de cabeça. Para facilitar o acesso, a Urbs está estudando o melhor aproveitamento das áreas nas ruas próximas ao mercado e a volta de cobrança do EstaR, que vai garantir uma maior rotatividade. Também está em estudos o uso do estacionamento da rodoferroviária nos fins de semana.
Parte dos entrevistados também pediu a ampliação do horário de atendimento, mas a medida ainda está sendo discutida com os permissionários. ?Hoje as pessoas saem do trabalho e querem passar em algum local para comprar produtos para preparar o jantar ou fazer um happy-hour?, diz Gusi. No entanto, o mercado fecha às 18h.
A pesquisa também está orientando a implantação de projetos que acompanham as mudanças no perfil dos consumidores. Em 2006, será instalado um Centro de Agronegócios Orgânicos.
Hoje as vendas de hortifrutigranjeiros são responsáveis por 31,9% do movimento, o setor de produtos alimentícios por 41,73%, a praça de alimentação por 10,4%, serviços por 3,52% e 12,71% das pessoas vão apenas para passear.
Parte da história
A história do Mercado Municipal se confunde também com a de muitos comerciantes. Osvaldo Cardoso trabalha há 46 anos no local, criou suas duas filhas e diz com orgulho que conseguiu formá-las com o que ganha no mercado. Mesmo com 79 anos, não pensa em parar de trabalhar. Zelma Becker, 73 anos, também é uma das permissionárias mais antigas. Há 45 anos no local, conta que trabalhava sozinha e o filho que tinha dois anos dormia embaixo do balcão. Hoje a família é dona de três boxes e cinco bancas de frutas e verduras.