Os resultados dos principais vestibulares começam a ser divulgados este mês. Quem não conseguir entrar para uma instituição pública vai ter que começar a fazer as contas para pagar o curso em uma universidade particular. Quem for cursar Medicina, por exemplo, dependendo da instituição pode chegar a gastar, em seis anos, R$ 132.343,20 só com mensalidades – sem levar em conta os reajustes anuais. Os cursos mais baratos ficam em pelo menos R$ 18.480, durante quatro anos. 

Medicina é o curso mais caro. Ele apresenta variação entre as faculdades em Curitiba. Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) a mensalidade é R$ 1.512, enquanto que no Centro Universitário Positivo (UnicemP) é R$ 1.838,10 ao mês. Se o aluno concluir seus estudos na PUCPR, vai gastar R$ 108.864 e no UnicemP 132.342,20. O vice-reitor do Unicemp, José Pio Martins, enumera o que está por trás desse valor: aulas realizadas em laboratórios que contêm equipamentos caros, aulas pela manhã e à tarde e ainda os salários dos professores. São incluídos também no valor da mensalidade os impostos. José diz que 9,65% do que cada estudante paga não ficam com a instituição, 5% vão para a Prefeitura, 3% Cofins e 1,65% PIS. Os alunos que estudam nesse tipo de curso são da classe média alta e alta.

Em segundo lugar no Unicemp está o curso de Odontologia, que custa R$ 1.287,00 por mês. Em 5 anos o aluno vai gastar R$ 77.220,00. Na PUCPR o valor é parecido: R$ 1.318,00 por mês, o que vai dar R$ 79.080,00 em 5 anos. Na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) custa um pouco menos, R$ 1.140,00 por mês, o que vai dar R$ 68.400,00 no fim do curso. As engenharias também estão entre os mais caros. A Elétrica (5 anos) e a Mecânica (4 anos) custam no UnicemP R$ 988,90 por mês. Na PUCPR, a Mecatrônica custa em R$ 1.183,00 e a de produção mecânica R$ 959.

Salvação

Elinson Woyceichoski fez dois anos de Engenharia Mecânica na PUCPR. Conseguiu no início do ano passado transferência para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) através do Processo de Reocupação de Vagas (Provar). Foram abertas 532 vagas para alunos de outras instituições – foram preenchidas 328 através de concurso. Elinson faz as contas do que gastou e concluiu que em dois anos de estudos já daria para comprar um caro zero. ?Só não ficava chateado porque sabia que depois poderia conseguir muito mais com o estudo?, afirma. A folga no orçamento veio em boa hora, pois o irmão dele passou em Odontologia na PUCPR. ?Seriam duas mensalidades, ia ser muito difícil pagá-las?, afirma.

Custos pesam no orçamento

Os cursos de Medicina Veterinária, Fisioterapia e Farmácia também consomem boa parte do orçamento familiar. Na PUCPR, Medicina Veterinária custa 1.304,00, Fisioterapia R$ 1.074,00 e Farmácia R$ 968 ao mês. Mas os cursos mais baratos também pesam no orçamento, pois os estudantes, em sua grande maioria são de famílias sem grande poder aquisitivo.

Maria Isabel Marafigo fazia Pedagogia na Uniandrade e pagava R$ 340 por mês. Mesmo sendo uma das mensalidades mais baixas, ela não conseguiu sustentar o curso. ?Eu ganhava R$ 220. Além da mensalidade, tinha que pagar a passagem de ônibus e xerox?, fala. Ela estudou durante seis meses e não conseguiu renovar a matrícula. As inscrições para conseguir uma bolsa ainda demorariam. Agora quer achar outro trabalho e voltar a estudar.

Rosana Kais vive uma situação parecida. Só que ela conseguiu transferência para a UFPR. A mensalidade de R$ 417 deixou de pesar no orçamento. ?Eu tinha que pagar ainda aluguel, alimentação e outras despesas?, explica. Para dar conta de tudo, vivia à base de economia.

Franca expansão

Mesmo com a dificuldade de muitos em pagar uma faculdade particular, o setor de ensino superior privado está em franca expansão. Uma pesquisa do Ministério da Educação (MEC) feita no ano passado revela que, em cinco anos, o número de cursos presenciais de graduação cresceu 107% no Brasil. Em 1998, eram 6.950 cursos. Em 2002, 14.399 foram registrados. Nesse período, foram abertos, em média, 1.490 cursos por ano, 124 por mês e quatro por dia. A expansão ocorreu principalmente na rede privada – de 3.980 para 9.147 – que concentra 63% do total.

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