Menos carros, melhor qualidade de vida

Boa parte dos curitibanos aceitou o desafio da Prefeitura e deixou, ontem, o carro em casa. Nas ruas centrais era visível a redução no número de veículos circulando. A proposta do Dia Sem Carro, uma iniciativa que acontece em todo o mundo no dia 22 de setembro, é fazer com que as pessoas busquem formas alternativas de locomoção, e com isso, ajudem a reduzir a poluição e contribuam para a segurança e qualidade de vida.  

Quem aderiu à iniciativa garante que ela só traz benefícios. A equipe da TV Bandeirantes, formada pela repórter Jordana Martinez e o cinegrafista Luciano Chinasso, deixou o carro na emissora e foi trabalhar de bicicleta. Do bairro Jardim Mercês até o centro foram dez minutos. ?Esse trajeto, normalmente, nós fazemos em 20 minutos, até porque precisamos encontrar lugar para estacionar. De bicicleta foi mais fácil, porque conseguimos parar e entrevistar sem muito esforço?, disse Jordana. A dupla garante que adotar a bicicleta como meio de transporte é uma opção bem interessante, ?para isso basta as pessoas deixarem as barreiras de lado?.

Foto: Aliocha Maurício/O Estado

Já no viaduto de acesso à Mariano Torres, fluxo era intenso à tarde.

E incentivar o uso da bicicleta no dia-a-dia foi o que fez a ong Mobiciclo. Além do veículo convencional, eles também apresentaram o Ricksha ou ciclo-táxi, que é uma espécie de charrete puxada por uma bicicleta, muito comum em países como a Índia e Indonésia. O presidente da ong, Ulrich Joager, disse que a proposta foi mostrar outras possibilidade de usar a ?magrela?. Segundo ele, apenas cerca de 2% da população de Curitiba usa a bicicleta como meio de transporte. ?Acho que essa é uma questão cultural que pode ser trabalhada para mudar?.

Barão

Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Jornalista Jordana Martinez, da Band Curitiba, testa ciclo-táxi.

Durante todo o dia uma série de atividades foi realizada no Dia Sem Carro. Logo pela manhã diversas pessoas que participam de grupos de convivência na região da Boa Vista fizeram uma caminhada pedindo paz no trânsito. A aposentada Maria Wendeler afirmou que a iniciativa tinha como proposta conscientizar os motoristas sobre as imprudências que acabam com muitas vidas. ?Acho importante participar para alertar as pessoas que o carro pode ser uma arma nas mãos de quem não sabe usar?.

Já o trecho da rua Barão do Rio Branco, nas três quadras entre a Marechal Deodoro e a travessa Alfredo Bufren, foi fechado para centralizar uma série de atividades organizadas pela Prefeitura. Entre elas, a distribuição de mudas de árvores, esclarecimentos sobre saúde e atividades para a criançada. Uma estação automática de monitoramento do ar também foi instalada no local para verificar a modulação durante o dia.

O químico do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), Eliseu Smanhoto, conta que a estação captou o óxido de nitrogênio que é emitido pelos escapamentos dos carros durante toda a semana. Tomando por média o dia anterior à campanha, quando o índice alcançado foi de 30 ppb (parte por bilhão, unidade usada para verificar a quantidade de poluente primário liberado pelos veículos), a manhã de sexta-feira registrou a metade do valor (15 ppb).

Já a qualidade sonora não diminuiu muito: a média de ruído medida em cinco pontos da cidade durante a semana foi de 71 decibéis. A partir de 70 decibéis, há risco para o sistema nervoso. Ontem, a média registrada no horário de pico da manhã (8h), foi de 69,7 decibéis.

Embora a Prefeitura não tenha fechado um balanço para comprovar a adesão da população ao Dia Sem Carro e o aumento no número de passageiros no sistema de transporte urbano, o diretor de Trânsito da Urbs, Gilberto Foltran, afirmou que ?visualmente o número de veículos está menor?. Ele acrescentou que, independente da porcentagem que aderiu, a campanha tem a função de fazer as pessoas refletirem sobre sua qualidade de vida e melhorar a segurança no trânsito. ?Se apenas 1% aceitou o desafio e deixou o carro em casa já valeu, porque a iniciativa conseguiu chamar a atenção para essa situação e fará com que eles reflitam e vejam onde podem colaborar?.

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