Dois anos de luta

Menina morre à espera de doação de medula óssea

Terminou da forma mais triste possível a história da menina Rayssa Ghisi Domingos, de 6 anos. Depois de dois anos de luta contra a leucemia linfóide, a criança faleceu ontem, no Hospital Infantil Joana Gusmão, em Florianópolis (SC). Durante o período de tratamento, a mãe dela, Rosilene Aparecida Ghisi, foi procurar sua família biológica em Pérola do Oeste, no interior do Paraná, para tentar encontrar um doador compatível para o transplante.

De acordo com Rosilene, o motivo do falecimento foi infecção por fungos, adquirida no hospital onde a menina fazia o tratamento contra a leucemia. “A Rayssa entrou no hospital para tratamento há 12 dias, sem nada grave, mas foi contaminada porque estava com a imunidade muito baixa. Os médicos disseram que nunca viram um fungo se espalhar com tanta rapidez”, conta. Segundo ela, o fungo apontado como causador da morte da menina seria o Fusarium.

Antes de falecer, Rayssa ainda ficou três dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa da infecção. O enterro é hoje, em Tubarão (SC), onde a menina nasceu. Apesar da tristeza, a mãe acredita que, pelo menos desta forma, “Rayssa vai poder descansar, pois estava muito fraca”. O caso ganhou repercussão nacional por meio de reportagem do programa Fantástico, no qual a família mostrava sua busca por um doador para a menina.

Doações

O primeiro passo para ser doador de medula é procurar um hemocentro, fazer o cadastro, e ceder amostra de sangue para ficar armazenado no banco de dados. Sempre que surgir novo paciente, a compatibilidade será verificada. O procedimento é seguro, realizado em sala de cirurgia e requer internação de no mínimo 24h. Os voluntários devem ter entre 18 e 55 anos.

No Brasil existem pelo menos 70 centros capacitados para transplante de medula óssea, e 20 para transplantes com doadores não-aparentados. No final do ano passado, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) atingiu a marca de dois milhões de doadores voluntários. O cadastro brasileiro é o terceiro maior do mundo, atrás apenas do registro americano e alemão.

Família não era compatível

Ana Carolina Bendlin

Em Pérola do Oeste, Rosilene Ghisi redescobriu sua história ao reencontrar sua mãe e oito irmãos, além de outros familiares. A família, muito humilde, não teve condições de criar Rosilene e decidiu encaminhá-la para adoção. Depois do reencontro, todos os familiares fizeram testes de compatibilidade para tentar ajudar Rayssa Ghisi Domingos. Os resultados ficaram prontos na terça-feira.

Rayssa nem chegou a saber o resultado dos exames mostrando que a espera seria ainda mais longa. Nenhum dos parentes tinha compatibilidade com ela para o transplante. “Antes de ontem até apareceu um suposto doador compatível não aparentado, mas não sabemos se ela resistiria porque, mesmo que a compatibilidade fosse confirmada, ela ainda teria que passar por processo bem longo antes do transplante”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna