A espera por um coração não tem sido fácil para Laura Bertoni Zanchettin, uma menina de 10 anos que está internada no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, desde junho deste ano. Ela tem uma doença chamada miocardiopatia dilatada do ventrículo esquerdo e precisa de oito remédios, que são aplicados diretamente no coração, por meio de um catéter, para que o sangue seja bombeado para todo o corpo. Laura e mais uma menina de 7 anos estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e necessitam de transplante de coração. Em uma luta diária, elas aguardam ansiosamente pelas doações.
Os pais de Laura, juntamente com amigos e pessoas que conhecem o caso da filha deles, vão realizar no próximo dia 06 de novembro uma caminhada para sensibilizar a sociedade para a necessidade da doação de órgãos. Os participantes farão a concentração na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, a partir das 10h, e vão caminhar pela Rua XV de Novembro até a Boca Maldita. “Queremos chamar a atenção das pessoas, para que façam uma reflexão sobre a doação de órgãos. Porque nós podemos virar o jogo. No ano passado, de cada três doadores aptos, somente um doou. Se todos doassem, não haveria mais fila de espera do transplante por um coração”, comenta Sandro Zanchettin, pai de Laura.
Durante a caminhada, os participantes vão entregar panfletos explicativos sobre como a doação de órgãos acontece e realizar a sensibilização das pessoas. “Muita gente não sabe como doar e precisamos abrir isto para o público. A pessoa também pode doar em vida, como no caso de medula óssea e fígado”, lembra Sandro.
Laura convive com o problema no coração desde os oito meses de idade, quando teve um processo infeccioso e um vírus afetou o órgão. Até a metade deste ano, ela estava crescendo normalmente, sempre com o acompanhamento dos médicos. Há cerca de um ano, ela teve uma nova infecção e as bactérias responsáveis por isto afetaram o coração mais um pouco. Ela foi perdendo a capacidade de contração do músculo cardíaco, dificultando o bombeamento do sangue para o resto do corpo. A solução é o transplante do coração. “Agora a gente espera a cura divina deste coração. Que seja pelo coração dela ou pelo transplante. A gente, como pai, espera tudo. Fazemos orações, reflexões e campanha para conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos”, afirma Sandro.
Além de Laura, uma menina de 7 anos, filha da dona de casa Rosenilda Moreira Pereira, também aguarda um coração. Ela tem miocardiopatia dilatada congênita e passou recentemente por uma cirurgia, que permitiu que ela continuasse na fila de espera por um transplante. A irmã dela, de 12 anos, também tem a mesma doença e estava internada na UTI do Hospital Pequeno Príncipe. Ela passou por uma cirurgia, que possibilitou que ela saísse da fila por um novo coração, pelo menos por enquanto. A garota está se recuperando em uma enfermaria do hospital, enquanto a irmã mais nova segue na UTI do hospital. A história das duas foi relatada por O Estado no dia 29 de setembro, quando foi lembrado o Dia Mundial do Coração.
Segundo a Sesa, 3.835 pessoas buscam por transplantes no PR
Atualmente, segundo a Central Estadual de Transplantes do Paraná (ligada à Secretaria de Estado da Saúde – Sesa), 3.835 pessoas estão esperando por um órgão em todo o Estado. Deste total, 2.635 já estão aptas a fazer o transplante quando um órgão for doado. Especificamente sobre coração, são 46 pacientes na fila, sendo 38 ativos (já aptos) e 8 semiativos (que ainda estão passando por exames para saber se ,podem receber ou não um órgão).
Na semana passada, a Sesa lançou no Paraná a Campanha Nacional de Doação de Órgãos. Estão sendo implantadas seis Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) no Estado, com o objetivo de ampliar a captação de órgãos e tecidos. Elas funcionarão como pontes entre os hospitais e a central de transplantes. O Paraná tem atualmente 82 unidades credenciadas para a realização deste tipo de cirurgia e seis bancos de tecidos.