Melhorar a educação nas áreas rurais e valorizar os conhecimentos das populações camponesas são fatores que podem dar condições de mais pessoas permanecerem no campo, diminuindo o êxodo rural. É o que acredita a coordenadora do curso de especialização em Educação do Campo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sônia Fátima Scwendler, referindo-se às discussões promovidas ontem em um evento de extensão que reuniu educadores e representantes de movimentos sociais em Curitiba. Na ocasião, pesquisadores exploraram assuntos como a importância da diversidade de culturas e a superação do agronegócio como formas de valorização da cultura do campo, enfatizando a maneira como a educação pode contribuir para isso.
O evento, segundo a coordenadora, conseguiu aproximar professores que trabalham no campo com educadores do meio urbano e integrantes de movimentos sociais – como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Via Campesina -, além de gestores de municípios rurais paranaenses. ?O objetivo é criarmos políticas de educação voltadas especificamente para o campo?, disse.
Sônia acredita que, atualmente, a educação no campo tem moldes urbanos e que, dessa forma, tem deixado de valorizar as características próprias das áreas rurais. ?Temos uma lacuna de educadores que atuem na realidade do campo. Além disso, historicamente, o modelo de educação implantado é uma cópia do que é feito nas cidades, deixando de contemplar os conhecimentos e saberes acumulados por essas populações?, explica.
Para tanto, nomes como Lindomar Boneti, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e Miguel Arroyo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), autor de diversos livros relacionados ao tema, foram convidados para falar sobre as problemáticas e perspectivas que norteiam o campesinato brasileiro e o papel da educação nesse contexto. ?O resgate histórico da agricultura camponesa nos mostra que precisamos trabalhar mais no sentido de produzir alimentos e menos no sentido de produzir commodities, superando a razão mercadológica?, destacou o secretário de Planejamento do município de Porto Barreiro, Edson Anhaia, como um dos pontos fortes das discussões.
É nesse ponto que entra a educação pensada para o campo, assimila a coordenadora. ?Não que somente com a educação vamos resolver os problemas, mas, por meio desse instrumento, podemos dar possibilidade para que os camponeses se articulem na luta por seus objetivos, como a reforma agrária e a descentralização de riquezas, e tenham meios de permanecer no campo.?