Medida Provisória garante benefício a ex-doentes

Aos 21 anos, Francisca Barros da Silva, a ?Dide?, foi amarrada, separada da filha e levada a força por policiais ao Hospital de Dermatologia Sanitária São Roque, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. Antes disso, já havia ficado isolada dos 9 aos 15 anos, em um hospital-colônia no Acre, por causa da doença que assustava a todos: hanseníase. Na época, a doença era tratada com horror, inclusive por médicos, e o isolamento completo da sociedade era uma medida comum.  

Dide, hoje com 51 anos, é um dos 180 ex-pacientes do hospital-colônia de Piraquara que lutam pelo benefício garantido pela medida provisória (MP) 373, de maio deste ano. O projeto concede o pagamento de pensão vitalícia a ex-portadores de hanseníase que foram levados compulsoriamente a hospitais-colônia até a proibição federal da prática, em 1986.

Para mobilizar os pacientes para a conquista do direito, esteve ontem em Piraquara o coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio de Souza. ?Em todo o Brasil, os beneficiados podem chegar a 10 mil pessoas. Para requerer a indenização, pode ser iniciado um processo individual ou fazer o cadastro com a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, que vai visitar os 33 ex-hospitais-colônia brasileiros a partir do mês que vem?, explica. O benefício deve começar a ser pago até dezembro.

Isolamento

O isolamento compulsório do Hospital São Roque começou 1926, quando foi fundado, e durou até 1950. ?Quando o trem passava pela linha que fica ao lado do hospital, os passageiros eram orientados a fechar as janelas para não se contagiarem. Em outros hospitais, os pacientes eram identificados com sinetas. Se tentassem fugir, eram perseguidos pela polícia, vistos como marginais?, recorda a diretora-administrativa do hospital, Mara Dissenha. Segundo ela, os médicos tinham receio em chegar perto dos doentes. Hoje, a maioria dos pacientes chega ao São Roque curada. ?O principal são as seqüelas, que são estigmatizantes e causam um visual agressivo. Como muitos pacientes perderam o vínculo familiar, eles não têm perspectiva de retorno e o hospital passa a ser a casa deles?, explica Mara.

Sintomas

Os principais sintomas da doença são áreas da pele com dormência ou com manchas, diminuição de força nas mãos e pés e caroços ou inchaços no rosto e nas orelhas. O tratamento leva de seis meses a dois anos. Para esclarecer dúvidas sobre a doença ou sobre o benefício, está disponível o serviço Telehansen, pelo telefone 0800-26-2001.

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