A aprovação, no Senado, do projeto de lei que reajusta em 30% a bolsa-auxílio dos médicos residentes pôs fim à greve nacional da categoria, que chegava a 20 dias em alguns estados. Parados desde a semana passada, os residentes do Hospital de Clínicas (HC) e do Evangélico, em Curitiba, reiniciaram as atividades normais ontem, após decidirem, em assembléia, encerrar a greve.
Alegando não receberem reajuste na bolsa de R$ 1.470,00, desde 2001, os médicos residentes iniciaram, em agosto, uma manifestação nacional para pressionar o legislativo a aprovar rapidamente o projeto de lei. Esse movimento ganhou força no início de novembro, quando o projeto chegou à pauta do Senado, culminando com a greve nacional.
Em Curitiba, parte dos 235 residentes do Hospital de Clínicas e dos 138 do Evangélico aderiram à greve, mas sem deixar de prestar os serviços essenciais e de emergência. Com a aprovação do reajuste, ambas as equipes voltaram a trabalhar completas ontem.
Após aprovação pela Câmara e pelo Senado, o projeto segue agora para sanção presidencial. Com o reajuste, que deve vigorar a partir de 1.º de janeiro de 2007, ela vai para cerca de R$ 1.916,00. Os médicos residentes seguem reivindicando melhorias nas condições de trabalho e respeito à jornada de 60 horas semanais, como prevê a legislação.
No HC, por exemplo, o médico residente Diego Gomes Reis explicou que a assembléia só aprovou o fim da greve após a direção do hospital assumir o compromisso de discutir a adequação do Programa de Residência Médica do HC. ?A discussão deve começar ainda esta semana. Precisamos de diversas melhorias para que o médico residente tenha uma condição de trabalho e qualidade de vida decente para atender à população?, disse Diego, revelando que, em algumas especialidades, o residente chega a trabalhar 100 horas semanais.
Dados do Conselho Federal de Medicina apontam que, em alguns hospitais onde há programas de residência médica, 70% do atendimento é feito por residentes.
