Em assembléia na tarde de ontem, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiram suspender a greve da categoria, que já durava 71 dias. Mas eles só retornarão ao trabalho depois que o governo cumprir o acordo e editar uma medida provisória estruturando a carreira de médico perito, estabelecendo carga semanal de 40 horas e prevendo concurso público em 2004 para contratação de três mil médicos. O presidente da Associação Nacional dos Médicos do INSS, Eduardo Almeida, afirmou que os profissionais retornam ao trabalho no primeiro dia após a edição da MP.

Os médicos se propõem a trabalhar num regime de mutirão para desafogar os processos parados durante a greve. Segundo Almeida, há o compromisso do governo de não cortar o ponto dos grevistas nem de aplicar qualquer punição, já que a greve foi considerada legal pela Justiça Federal. Almeida estima que um milhão de perícias tenham deixado de ser feitas durante a greve, mas o INSS prorrogou cerca de 800 mil benefícios sem o exame, ficando cerca de 200 mil para serem analisados. Perguntado se o INSS iria rever esses 800 mil benefícios renovados sem a perícia, Almeida disse que isso cabe à presidência do INSS decidir.

A proposta inclui um reajuste de 80% nos salários, gratificações, vencimento básico e insalubridade. Esse aumento será gradativo e pago até o fim de 2006. As demais reivindicações também foram atendidas após as negociações com o ministro da Previdência Social, Amir Francisco Lando. A estruturação da carreira; extinção do cargo de supervisor médico, mantendo apenas os 160 atuais supervisores que poderão realizar as perícias; garantia da instituição da carreira, com carga horária semanal de 40 horas e a realização de concurso público para a substituição dos médicos peritos no período de dois anos.

A greve, que durava 71 dias, paralisou quase todos os atendimentos de perícia no Brasil, deixando de atender cerca de 35 mil pessoas por dia. Isso acarretou um atraso nas consultas das pessoas que precisavam da perícia para receber os benefícios do INSS. No País, milhares de pessoas ficaram todo esse tempo sem dinheiro.

Curitiba

Só em Curitiba, de acordo com assessoria do INSS, cerca de 400 pessoas estavam sendo deixadas de ser atendidas por dia por causa da greve. Para conter o enorme volume de pacientes, as agências do INSS estavam priorizando os atendimentos às pessoas que ainda não haviam realizado a perícia. Médicos cadastrados ao instituto estavam realizando as consultas, mas como o número de pacientes era elevado, a grande maioria ficava na espera e só conseguiu marcar consulta para o próximo mês.

A assessoria de imprensa do INSS informou que a superintendente do instituto, Elizabeth Lobo Elpo, se reúne hoje com os médicos peritos e com a gerência da agência em Curitiba para discutir como será realizada a volta dos atendimentos. Como o movimento deve ser grande, a assessoria afirmou que deve ser realizado um esquema especial para que as pessoas possam ser atendidas sem problemas. No Paraná são 145 médicos peritos, 30 trabalham em Curitiba.

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