Os médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) promoveram ontem, no centro de Curitiba, mais um ato em defesa da saúde pública.
A categoria reivindica, entre outras questões, uma melhor remuneração das tabelas de honorários e procedimentos hospitalares, a implantação de um plano de cargos e salários e melhores condições de trabalho.
De acordo com o primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D?Avila, a categoria reconhece que o Ministério da Saúde se esforça para reverter a situação, no entanto, tem falhado nos resultados por falta de uma política adequada de distribuição de verbas. ?Prova disso são as infecções que estão voltando, como dengue e febre amarela?, ponderou.
Segundo ele, um especialista que atende pelo SUS recebe pela consulta R$ 7,50, enquanto um clínico geral ganha R$ 3,10. Isso acaba obrigando o médico a ter mais de uma atividade para formar a renda.
?Eu, como cardiologista, em 30 anos no SUS tenho uma remuneração de R$ 1,7 mil por mês?, disse o médico. Ele comparou que um magistrado, com o mesmo tempo de profissão, recebe cerca de R$ 20 mil. A falta de expectativa de uma evolução profissional acaba não estimulando os médicos a atuar no interior do Brasil. E essa má distribuição faz com que em muitas regiões tenham dificuldades de acesso à saúde. ?E não é o que nós queremos. Nós queremos ser parceiros da população nessa luta pela qualidade?, afirmou. Como forma de reverter a situação da saúde pública, D?Avila, comentou que a categoria tem tentado junto ao Congresso Nacional aprovar projetos de lei que melhorem as condições de trabalho dos profissionais e de acesso à população.
Ele defendeu a aplicação da emenda 29 – que determina a aplicação de no mínimo 12% dos recursos públicos em saúde -, e disse que o fim da CPMF não teve impacto no setor. ?A CPMF surgiu como uma boa proposta, mas foi desvirtuada e virou migalha. O governo tem obrigação de garantir recursos para a saúde?, finalizou.