O descredenciamento dos médicos nas operadoras de plano de saúde pode ser a saída para a classe médica que tenta negociar o reajuste dos honorários de consultas e procedimentos.
Várias reuniões estão acontecendo entre categorias de especialistas, entidades da classe e a Comissão Estadual de Honorários do Paraná para brigar pelo aumento nos valores pagos pelas operadoras.
Os pediatras, por exemplo, encaminharam ontem uma carta para os planos de saúde solicitando o reajuste dos valores pagos pela consulta. A Sociedade Paranaense de Pediatria colocou o prazo até 18 de outubro para que as operadoras respondam.
“Se isto não acontecer, a sociedade vai orientar o descredenciamento individual”, comenta o médico pediatra Gilberto Pascolat, tesoureiro da entidade. Ele ressalta que a sociedade não pode obrigar ninguém a fazer o descredenciamento.
Além dos pediatras, já existem mobilizações entre geriatras, genicologistas, dermatologistas e cardiologistas. Os cirurgiões cardíacos até criaram uma cooperativa para negociar um melhor repasse por parte dos planos de saúde.
Os pediatras querem R$ 80 pela consulta, que hoje normalmente rende ao profissional entre R$ 15 e R$ 42. Os especialistas também desejam um valor diferenciado para aquelas consultas de acompanhamento do desenvolvimento das crianças e adolescentes e que os retornos (após a primeira consulta) sejam remunerados.
Na última quinta-feira, os ginecologistas e obstetras tiveram uma reunião com a Comissão Estadual de Honorários do Paraná e entidades de classe na Associação Médica do Paraná (AMP).
O presidente da Sociedade Paranaense de Ginecologia e Obstetrícia (Sogipa), Hamilton Julio, conta que o início de uma campanha de mobilização será levado para votação em uma reunião da diretoria da entidade, no dia 22 deste mês.
O presidente da AMP, José Fernando Macedo, explica que a atitude frente às operadoras vai depender de cada sociedade. A comissão estadual encaminhou há dois meses uma carta para todos os planos sobre a questão e não houve respostas da maioria.
Eles não se posicionaram e os médicos também não querem mais esperar por um desfecho. “Eles não querem negociar com a classe médica. O descredenciamento vai acontecer”, explica.
O secretário-geral do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Hélcio Bertolozzi Soares, que está participando das reuniões da comissão estadual, acredita que também vão “pipocar” ações individuais contra os planos pedindo reparos de perdas econômicas.
Os médicos ainda aguardam a reposição dos valores de consultas e procedimentos no período dos últimos dez anos, que chega a 118% e que já foi autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2006.