Para muitas pessoas, é preciso um “estalo” que signifique o início de uma mudança em qualquer sentido da vida. Com o médico da família João Schneider, 62, isso aconteceu há 13 anos, quando ele subiu em uma balança e viu que o ponteiro chegava aos 149,8 quilos. A partir de então ele decidiu começar uma mudança de hábitos alimentares e na rotina de exercícios físicos, iniciativa que transformou sua vida. “Parece bobagem, mas vi que estava chegando a 150 quilos e não poderia subir em uma balança normal. Ia ter que usar balança de bicho, que calcula em arrobas. Foi um choque”, lembra.
A obesidade sempre esteve presente na história do médico, que tem 1,82 metro de altura. “Sempre fui o gordinho da turma”, conta. De família alemã (também acima do peso), ele não nega o gosto pela comida e pela bebida, mas os reflexos destes hábitos se manifestaram no corpo. Schneider passou a sentir fortes dores no joelho, sintomas de uma artrose. Sempre ativo, apesar da obesidade, o médico foi obrigado a parar de correr e depois disso engordou ainda mais, chegando ao limite do seu peso. “Sabia dos riscos, pois orientava meus pacientes”.
Schneider trocou a corrida pela natação, para não sentir dor, ao mesmo tempo em que iniciou uma dieta e diminuiu o consumo de bebidas. Tempos depois surgiu a bicicleta, que se tornou uma paixão e uma companheira inseparável. De exercício físico, pedalar passou a ser um meio de transporte e desde então ele faz todos os seus trajetos em duas rodas, faça chuva ou faça sol.
“Não perdi nada, ganhei mais saúde”. É assim que o médico avalia os resultados de sua mudança de vida, que também teve como consequência 60 quilos eliminados apenas com atividades físicas e alimentação saudável. Ainda ficaram para trás as cinco carteiras de cigarro e os 13 comprimidos para diabetes e hipertensão que usava diariamente.
Em casa, a família também entrou no ritmo. Sua filha perdeu metade do peso. O gosto por exercícios permaneceu, com aulas de musculação, spinning e natação na rotina da semana. Schneider também se tornou triatleta e agora participa de competições. “O exercício se torna prazeroso”.
Exemplo pra comunidade
Ciciro Back |
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A palavra “desistir“ não faz parte do vocabulário do médico. |
Fazendo todos seus percursos de bicicleta, o médico passou a chamar a atenção da comunidade onde atendia. Grande parte da perda de peso aconteceu enquanto ele estava de licença em uma unidade de saúde na Vila Torres e quando Schneider voltou mais magro ao trabalho, surpreendeu colegas e pacientes.
Enquanto a comunidade da Vila Torres “assistiu de camarote” sua transformação, pacientes e moradores próximos à Unidade de Saúde Estrela, no Fazendinha, observam o exemplo ao ver o médico passar de bicicleta em frente a suas casas. “Na Vila Torres eu fazia questão de entrar pela sala de espera, para que todos vissem”, conta. E o exemplo se multiplicou. A comunidade formou ainda um grupo de emagrecimento. “É preciso aliar dieta, a reeducação alimentar, com a atividade física. A saúde é o melhor benefício, mas tem que ser feliz”, orienta ele, que garante jamais desistir de um projeto. “Essa palavra não existe para mim”.