O número de denúncias de maus-tratos contra idosos mais que dobrou, de 2005 para 2006, no serviço Disque-Idoso Paraná: subiu de 446 para 1.169. Os dados não querem dizer que o problema vem crescendo, mas que a sociedade está tomando ciência da situação e procurando ajuda. Os maus- tratos também não são um problema localizado, mas de todos os países. Para combatê-lo, foi criado há dois anos o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra o Idoso, comemorado hoje.
A coordenadora do serviço e presidente do Conselho Estadual do Direito do Idoso, Schirley Follador Srcemin, diz que os números revelam que a sociedade está mais consciente do problema e, com a divulgação do serviço, passou a denunciar os casos. Ela explica que a maioria dos maus-tratos ocorrem dentro da própria casa: os idosos são vítimas dos filhos, noras, genros e netos. Por isso, a necessidade de vizinhos ou dos próprios idosos fazerem a denúncia.
Schirley lembra que a denúncia é anônima. O idoso também não precisa ficar com medo de ser retirado de casa. Assistentes sociais vão até a casa e tentam mediar uma solução para o conflito. Só em último caso o idoso é encaminhado para uma instituição e o problema vai para o Ministério Público e a Polícia Civil. Os agressores podem sofrer penas que vão de multas a prisão.
Segundo Schirley, os maus tratos incluem diversas situações, como agressões verbais, negligência, cárcere privado, apropriação indébita de bens, entre outros. Para comemorar o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra o Idoso, será realizado hoje um seminário sobre o assunto na Biblioteca Pública do Paraná. O encontro é aberto e será às 14h30. O Disque- Idoso (0800410001) também oferece orientações sobre vários assuntos relacionados a terceira idade.
Pesquisa
A baixa escolaridade também pode colaborar para o problema, uma vez que os idosos podem ter mais dificuldade para pedir ajuda. Uma pesquisa feita no ano passado pela Fundação Perseu Abrano traçou um perfil da população com esta faixa etária. O estudo mostrou que 89% dos pesquisados não passou do ensino fundamental e 49% é analfabeto funcional.
Mas não existem apenas problemas. Segundo o coordenador do núcleo de opinião publica da fundação, Gustavo Venturi, a pesquisa mostra que em alguns pontos a qualidade de vida melhorou. ?Houve melhorias no acesso e na qualidade da medicina, aumentaram as alternativas de lazer e aconteceu a universalização da aposentadoria?, destaca. No entanto, pondera que, apesar das melhorias, há problemas ainda na própria área da saúde e nos serviços públicos, como transportes e acesso.
A pesquisa aponta também que 11% dos idosos trabalham e 22% nunca trabalharam e, por isso, não vão se aposentar. Do total, 92% têm renda própria, sendo que 88% ajuda a composição do orçamento familiar. ?A maioria dos idosos se sente satisfeito com as relações familiares. Mas a pesquisa não abordou pessoas que estão internadas em lares. Foi só domiciliar?, informa Venturi.