Quem visita a cidade de Matinhos, no litoral paranaense, já percebeu o quanto a faixa de areia “encolheu” nos últimos anos por conta do avanço do mar, da retirada da restinga (que cria uma espécie de duna, uma barreira natural contra a ressaca) e também das várias construções feitas no local.
Por conta disso, há anos as autoridades falam em obras necessárias de “engorda” da praia, que seriam basicamente aumentar a faixa de areia para o veranista. Porém, essa engorda só deverá ser realidade na próxima temporada, pois as obras estão previstas para iniciar somente em abril.
O prefeito de Matinhos, Eduardo Dalmora, explica que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) foi finalizado. Agora falta lançar o edital de licitação para escolher a empresa que vai iniciar a obra. Esse edital, calcula ele, deve levar de 60 a 90 dias para ficar pronto.
O engordamento previsto será de 50 metros, em uma extensão de 8 quilômetros, passando por vários balneários, como Flórida, Praia Grande, Riviera, Flamingo, terminando praticamente em Caiobá (na Praia Brava).
“Será ótimo para os veranistas, para os comerciantes (que terão uma área maior para trabalhar) sem falar que os imóveis também devem valorizar. Será uma total revitalização da praia”, afirma o prefeito.
A obra será feita pelo governo do Estado e pelo governo federal. Segundo informações da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu), serão feitos investimentos na ordem de R$ 12 milhões (recursos do Programa de Aceleração do Crescimento PAC, do governo federal) e R$ 4 milhões do governo do Estado.
Os trabalhos vão incluir canais de desemboque da Praia Brava e do Rio Matinhos, a implantação dos chamados headlands (que servirão para dissipar as ondas e segurar a areia), além, claro, do alargamento da areia da praia (a areia será retirada da área compreendida entre o centro de Matinhos e a localidade de Itacolomi, em Matinhos).
População aprova alargamento
Para quem mora ou simplesmente vai a Matinhos para passar alguns dias de folga, o alargamento da praia seria muito bem vindo. Os comerciantes, da mesma forma, dizem que a “engorda” traria muitos benefícios para eles.
“Sem não tem areia, não tem praia”, comenta o ambulante José Firmino Júnior. O casal de turistas Alexsander Pereira e Ângela Leal morou sete anos em Matinhos, num apartamento localizado de frente para o mar, no balneário Flamingo.
Hoje o casal vive em Ponta Grossa, mas continua indo à praia passar férias. Pereira lembra como era a extensão de areia antigamente. “Antes a gente andava por aqui, onde estão as pedras, e tinham várias casas de pescador. Lembro também que a água ficava bem longe, hoje já está tão perto”, conta. Para ele, a engorda da praia será muito positiva. “Vai evitar o avanço do mar. Está necessitando de melhorias”, analisa.
Quando foi anunciada a obra (em 2007), a ideia era retirar areia do Canal da Galheta, em Paranaguá. Quem ficaria responsável seria a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina. Em seguida, descartou-se essa possibilidade, e as autoridades passaram pensar na retirada de cerca de 1,3 milhão de metros cúbicos de areia do mar, o que foi mantido.