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Matagal de desocupados é transformado em horta

Uma solução que uniu os moradores e cortou o mal pela raiz: embaixo das linhas de transmissão da Eletrosul, na Rua Orestes Bizotto, no Tatuquara, o espaço onde antes predominava o matagal e atraía usuários de drogas, hoje gera bons frutos. Literalmente. Nas hortas comunitárias instaladas na região, a comunidade garante verduras e legumes frescos para consumo próprio, doações e até como forma de renda.

O coordenador de uma das hortas, Itacir Castanho de Souza, conta que qualquer morador pode conseguir um lote da horta. Há apenas um pré-requisito para a concessão. “A pessoa que pega o lote tem que plantar e cuidar. Se a pessoa não estiver cuidando, eu tiro e coloco outra pessoa no lugar”, ressalta. Segundo ele, sempre há fila de espera pelos lotes. “Hoje tem umas quatro ou cinco pessoas esperando.”

Marco Andre Lima
Repolho, couve, alface e cebolinha garantem renda pra Terezinha. Veja na galeria de fotos e no vídeo a horta.

O destino dos legumes, frutas e verduras das hortas comunitárias é decidido pelo próprio morador. “Se a pessoa quiser pode doar, vender, usar em casa. A maioria dos que plantam aqui tem famílias e levam para casa”, conta Itacir. As hortas comunitárias foram instaladas no Tatuquara há cerca de 10 anos, através de projeto da prefeitura em parceria com o governo federal. “Se não fosse a horta o povo ia encher de lixo aqui, é tipo proteção”, destaca.

Venda boa

Marco Andre Lima
Telvino repassa parte dos produtos pra cunhada desempregada. Veja na galeria de fotos e no vídeo a horta.

Na horta comunitária, Terezinha Maria Ramos, de 51 anos, planta repolho, couve, alface, cebolinha; que garantem a sua renda. “Eu vivo disso, hoje mesmo consegui R$ 15. Se a verdura estiver bem boa e caprichada, dá para vender bem”, revela. “Não tinha espaço na minha casa, porque o terreno é pequeno, então vir aqui foi muito bom”, diz Terezinha. Ela lembra como era o espaço antes da horta. “Era tudo matagal. Eu vinha catar capim para o meu porquinho da índia e coelho e já achei seringa, garrafa de cachaça, tudo que não presta. Só não achei cadáver”, relata.

Garantia de saúde da comunidade

Marco Andre Lima
Sebastião tem ajuda da mulher e filhas. Veja na galeria de fotos e no vídeo a horta.

O carregador Telvino Soares, 61, passa uma ou duas vezes por dia cuidar de seu lote na horta. Ele planta de tudo um pouco. “Cebola, moranguinho, almeirão, alface, o que tiver”, diz. Além de levar o que produz para casa,, ele repassa parte para sua cunhada, que está desempregada, vender. Mas o mais importante para Telvino é o contato com a terra. “Trabalhei na lavoura desde os seis anos e sempre gostei”, conta. O conhecimento de Telvino é repassado para outros moradores. “Explico que tem que ter distância entre os pés de alface”, exemplifica.

O mestre de obras Sebastião Aparecido Correia, 47, também adquiriu o gosto por plantações desde cedo. “Nasci e cresci no sítio e nunca perdi o jeito para plantar”, afirma. Quando tem folga no trabalho, ele aparece para cuidar do seu lote. “Minha mulher e minhas filhas também ajudam. Tem que zelar para que as verduras fiquem bonitas”, diz. Quem consome os alimentos da horta é a família de Sebastião e, para ele, é uma garantia de saúde, por saber que são produtos bem cuidados e sem agrotóxicos. “É trabalhoso, mas vale a pena, porque é uma distração”, complementa.

Marco Andre Lima
Serviço trabalhoso. Tudo bem cuidado e sem agrotóxicos.

Veja na galeria de fotos e no vídeo a horta.

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