Foto: Divulgação |
Segundo os proprietários da área, queimadas foram feitas pelos agricultores sem terra. Barracos foram instalados. continua após a publicidade |
Uma área de 430 hectares de mata nativa preservada – que abriga espécies de fauna e flora em extinção – está ameaçada por causa de uma ocupação de integrantes do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast), que estão na Fazenda Monte Verde desde o último mês de agosto. A floresta está localizada dentro da propriedade, situada no município de Jundiaí do Sul, no Norte Pioneiro. A Justiça já concedeu liminar de reintegração de posse, mas a mesma ainda não foi cumprida.
A ocupação da fazenda aconteceu no dia 25 de agosto por cerca 500 pessoas ligadas ao Mast. Uma das primeiras ações do grupo foi destruir pontes que davam acesso à sede da propriedade, que é arrendada para agricultores. Estes foram expulsos pelos invasores. A fazenda, de acordo João Henrique da Silva Carneiro, um dos proprietários, é produtiva. As culturas com maior produção são soja e milho. Também há criação de gado e cultivo de outros grãos.
Na questão ambiental, os integrantes do Mast colocaram fogo em 25 hectares de mata nativa. A área queimada já foi ocupada por barracos. ?Eles também possuem motosserras e equipamentos para derrubar árvores. Os integrantes do Mast não partiram para uma operação de corte raso. A degradação é feita aos poucos na mata, além da caça e a pesca. É uma destruição silenciosa, que não aparece em imagens de satélite?, comenta Carneiro.
A mata nativa ocupa 430 hectares dos 1.369 que compõem a Fazenda Monte Verde. A floresta é considerada uma das mais ricas do Norte Pioneiro, uma região com estado avançado de devastação. O trabalho de preservação da mata começou na década de 1960 e a caça é proibida no local. ?Desde esta época, a fauna e a flora se restabeleceram. A floresta abriga espécies em extinção?, afirma Carneiro.
A área também é local para realização de diversos levantamentos científicos. Recentemente, foi pesquisa a árvore exostyles godoyensis (Soares Silva e Manzano – descobridores), também chamada como brauninha. Até então, a árvore era conhecida popularmente, mas nunca havia sido estudada. Além disso, o lugar abriga mananciais que abastecem a cidade de Jundiaí do Sul. A fonte de captação da Sanepar fica dentro da propriedade. ?Tem gente acampada ao lado da rede de distribuição. Há um risco de contaminação da água que abastece a cidade?, conta Carneiro.
Os proprietários da Fazenda Monte Verde já conseguiram uma liminar de reintegração de posse, expedida pela juíza Angela Tonetti Biazuz, da Vara Cível da Comarca de Ribeirão do Pinhal. Ela requisitou reforço policial para desocupação. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que a reintegração de posse será cumprida, mas que não tem como precisar a data de quando a ação vai acontecer porque a comissão especial da secretaria que trata destes assuntos possui um cronograma.
Como existe uma demanda neste sentido no estado, o órgão precisa analisar o número do efetivo necessário, as condições do local e a quantidade de invasores para determinar este cronograma. A reportagem de O Estado tentou contato com os ocupantes da fazenda, mas não conseguiu. Nenhuma das pessoas apontadas pelas assessorias de imprensa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Pastoral da Terra foram encontradas para comentar as denúncias.