Dona Maria Purkotte é a mulher mais velha do Cachoeira. |
?Em 2003, a esperança de vida estimada ao nascer no Brasil, para ambos os sexos, subiu para 71,3 anos. Foi um aumento de 0,8 anos em relação à de 2000 (70,5 anos). (…) A esperança de vida ao nascer de 71,3 anos coloca o Brasil na 86.ª posição no ranking da ONU, considerando as estimativas para 192 países ou áreas no período 2000-2005?. (IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2005).
Muito acima da média nacional, com 93 anos, Maria Purkotte é a mulher mais velha do bairro Cachoeira, em Almirante Tamandaré-PR. É natural da Colônia Venâncio, de 8 de setembro de 1911, filha do casal Nicolau Wistuba e Júlia Wistuba. Lúcida, alegre e com saúde sob controle, falou um pouco de sua vida, repleta de curiosidades e sabedoria.
A parteira de Maria foi Cristina Purkotte. Seu batismo foi realizado na igreja da Santa Cândida. Os padrinhos foram Paulina Wistuba e Miguel Piekarz. Conviveu na infância com 11 irmãos em casa espaçosa. Brincava de foguinho, de cirandinha, de casinha, de caracol, de pedrinha do céu. Ajudava a mãe no serviço doméstico e cuidava do irmão. Estudou pouco. Nunca perdeu a fé em Deus, por intermédio da catequese católica.
Certa vez, Maria Purkotte foi fazer compras sozinha. Ao terminar, o vendedor (seu tio Pedro) enrolou o troco em um lenço para não perder. Curiosa, resolveu abrir o lenço para ver o dinheiro, mas não estava lá. Quando em casa chegou, levou uma surra.
Entre 8 e 9 anos, a prima Emilia falou à Maria: aquele menino gosta de você.
O nome do menino era João Purkotte. Insistente, ia sempre ao encontro de Maria. Aos 14 anos, João passou a trabalhar e ficava até um mês distante de casa. Quando retornava, logo procurava por Maria que não lhe dava atenção. Porém, João não desanimava e procurava agradar aos irmãos de Maria, na tentativa de ficar próximo da sua amada. A persistência era tanta que jogava pedrinhas em Maria para chamar a sua atenção enquanto Maria trabalhava.
Finalmente, ao completar 18 anos, seu Nicolau, pai de Maria, permitiu o namoro uma vez por mês. Um dia, Maria não agüentou e revelou o grande amor que tinha por João. Após um ano, o noivado. Mais um ano e o casamento se realizou com uma grande festa.
A preparação do casamento começava na quinta-feira. Na segunda-feira era o dia em que o casamento ocorria. Caso fosse no sábado, no domingo ninguém iria à missa porque dormiriam até tarde. As pessoas iam aos casamentos de carroça, inclusive os noivos. A carroça e os cavalos eram enfeitados.
Demorou um ano e meio para o nascimento do primeiro filho. O casal teve 12 filhos (seis mulheres e cinco homens), uma faleceu, Josefa, com onze meses. Tem 39 netos, 48 bisnetos e dois tataranetos.
Existiram muitas dificuldades, mas com amor e alegria superaram os problemas. Completaram 50 anos de casados. Após cinco anos das bodas de ouro, João faleceu, fato ocorrido há 19 anos. Maria ainda guarda sua lembrança e sofre.
Para Maria Purkotte o segredo da longevidade é o trabalho, inclusive ela não pára, lava louças e cuida regularmente do jardim.
PS: Maria Purkotte é bisavó de Anni Keyssi Schlichting Bida, a Miss Paraná 2004, eleita na Sociedade Thalia, em Curitiba-PR. O concurso foi uma versão da Federação Paranaense dos Concursos de Miss. Em agosto de 2005, Anni estará concorrendo à categoria Miss Brasil, organizada pela Confederação Brasileira.
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, pesquisador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br