Foto: Adriana Cardoso/Jornal do Iguaçu

Manifestantes bloquearam a passagem de veículos e pedestres usando os próprios carros.

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Manifestantes fecharam ontem uma das principais ligações entre a Argentina e o Brasil: a Ponte Tancredo Neves, que liga Puerto Iguazú a Foz do Iguaçu. Eles reivindicavam a suspensão de duas medidas sancionadas pelo presidente Néstor Kirchner, consideradas discriminatórias: o aumento do preço dos combustíveis para estrangeiros e a cobrança de uma taxa por visita ao país.  

No meio da ponte, taxistas e comerciantes argentinos bloquearam a passagem de veículos e pedestres usando os próprios carros. Desde as 10h até o início da noite de ontem, ninguém cruzou a fronteira. Eles protestaram contra a taxa de migração de cinco pesos cobrada quando a pessoa deixa a Argentina e também pelo valor mais alto do combustível para clientes estrangeiros, que muitas vezes iam à Argentina apenas para abastecer o carro. Taxistas brasileiros e paraguaios também aderiram à manifestação. Segundo os manifestantes, em quatro fronteiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul os acessos também seriam fechados.

A manifestação é um ato desesperado de manter o progresso em Puerto Iguazú, cidade que depende basicamente do movimento dos brasileiros. Segundo o presidente da Câmara de Comércio e Turismo de Puerto Iguazú, Arsenio Prituluk, a iniciativa do governo argentino levou à redução de 90% no volume de comércio na cidade e à queda nas visitas de turistas à cidade, na província de Misiones, perto das Cataratas do Iguaçu, que teriam caído da média diária de cinco mil para 400 pessoas. A queda do movimento é atribuída principalmente à elevação dos preços dos combustíveis vendidos a estrangeiros. A gasolina argentina era comercializada pela metade do preço da brasileira e o diesel por 40% menos. O preço diferenciado entrou em vigor na semana passada.

?São medidas discriminatórias?, disse o representante da Associação de Direitos Humanos e Justiça da Argentina, Alejandro Sosa. ?O Brasil nunca implementou medidas arbitrárias quando nós, argentinos, vivemos dez anos de pobreza extrema. Enquanto não tivermos leis iguais na fronteira, não podemos falar de Mercosul?, completou.

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Os manifestantes fariam uma reunião na noite de ontem para decidir se manteriam a ponte fechada, encerrariam a manifestação ou, ao menos, liberariam a passagem durante a noite. A confusão causada pelo protesto gerou uma fila de aproximadamente um quilômetro na alfândega do lado brasileiro.