Mais de 40 mil trabalhadores da Força Sindical do Paraná vão paralisar as atividades nesta quarta-feira (28) para protestar contra demissões arbitrárias e contra as Medidas Provisórias 664 e 665, promulgadas pelo governo no final de 2014, e que limitam ou cortam direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores. As mobilizações fazem parte do “Dia Nacional de Lutas em Defesa dos Direitos e dos Empregos”, ato organizado pelas centrais sindicais e que acontecerá em todo o Brasil.
Na manhã desta quarta-feira (28), eles bloquearam trecho da BR-277, nas poroximidades da fábrica da Renault, em São José dos Pinhias. A Polícia Rodoviária Federal acompanha a manifestação e orienta os motoristas. O ideal é evitar este trecho pelo menos durante esta manhã. A previão é que a manifestão dure até às 9h30.
Em Curitiba e Região Metropolitana, os trabalhadores fizeram protestos e paralisações desde a madrugada em várias fábricas como Bosch, CNH, Volvo, WHB, Perfecta, Seccional, Aker Solutions, Maflow, Hass do Brasil (CIC), Volkswagen e Renault (São José dos Pinhais); Brafer (Araucária) entre outras.
Às 10h, os trabalhadores se dirigem para um grande ato de protesto junto com as outras centrais sindicais na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio do INSS. Centenas de trabalhadores de Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu também virão para a capital para engrossar os protestos.
Demissão é o foco dos protestos. (Divulgação/Sindicato) |
Manutenção dos empregos
A principal reivindicação dos manifestantes é uma posição mais firme dos governos, tanto federal, como estadual, em relação à responsabilidade das empresas que recebem incentivos e benefícios fiscais e tributários, mas não se comprometem com a manutenção dos empregos. Somente no setor metalúrgico da Grande Curitiba, cerca de 1.300 trabalhadores foram dispensados no ano passado. Essa conta só não foi maior porque, quando a Volvo quis dispensar cerca de 300 trabalhadores no final de 2014, o Sindicato interveio e, após paralisação de um dia, a empresa voltou atrás. No começo de 2015, a fábrica de colheitadeiras e tratores da New Holland, localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), dispensou 270 trabalhadores.
Enquanto isso, segundo dados do próprio governo federal e do Dieese, a soma das reduções do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis, produtos linha branca e cinza mais a desoneração com a folha de pagamento, chegou a R$ 236,3 bilhões, montante concedido às empresas nos últimos cinco anos, em forma de isenção e benefícios fiscais. Neste bolo, somente as montadoras receberam cerca de R$ 55 bilhões. Segundo dados do Banco Central de 2009 à 2014, as montadoras enviaram ao exterior como remessas de lucros quase a mesma quantia, cerca de R$ 49,9 bilhões.
Além de pressionar o governo federal para que cobre uma contrapartida das empresas detentoras de incentivos com dinheiro público, os manifestantes também exigem a mesma posição do governo do Paraná, para que seja cumprido a lei estadual 16.192/2009, que determina que empresas que recebem benefícios fiscais devem manter o nível de emprego estável. Para os sindicalistas existem várias alternativas antes da pura e simples demissão dos trabalhadores. Entre elas estão as férias coletivas e o layoff (suspensão do contrato de trabalho), recurso usado ano passado, por sugestão do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, pela fábrica da Volkswagen, de São José dos Pinhais, e que impediu a demissão de cerca 1.200 trabalhadores.
&l,dquo;Uma empresa que recebe dinheiro público não pode simplesmente demitir quando dá na telha. Existem diversos recursos disponíveis antes de se chegar ao extremo da demissão e eles devem ser usados, principalmente por quem está recebendo bilhões dos cofres públicos. É essa responsabilidade que vamos cobrar dos governos e das empresas”, diz o presidente da Força Sindical do Paraná, Sérgio Butka.