Foto: Aliocha Mauricio
João Oliveira pede indenização.

Integrantes da Associação Sindical dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Asstraf) e de outros grupos contra a instalação da Usina Hidrelétrica do Tijuco Alto no Vale do Ribeira afixaram ontem faixas em frente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no centro de Curitiba. Foi mais um ato de protesto contra o parecer técnico favorável à viabilidade ambiental da construção, emitido pelo Ibama no mês passado.

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Os manifestantes foram recebidos pelo superintendente do Ibama no Paraná, Hélio Sydol, que se mostrou solidário com a causa, mas ressaltou que as decisões são feitas pelo órgão em Brasília.

A destruição de terras de pequenos produtores agrícolas e a perda de elementos históricos são as principais preocupações. ?Perderíamos duas cavernas em Cerro Azul que têm vestígios pré-históricos que nem foram estudados ainda?, exemplificou a coordenadora dos protestos, Laura Costa. Segundo ela, uma ação civil pública contra a usina deve ser protocolada no Ministério Público Federal.

Na opinião do agricultor João Oliveira, morador de Cerro Azul há 30 anos, se a usina realmente sair do papel, ao invés da simples compra da casa dos moradores, todos deveriam receber uma indenização. Dinheiro, para o agricultor Leo Gilliet, não resolve o problema. ?Não sabemos lidar com o dinheiro. Se recebermos, depois de um mês estamos sem a nossa plantação e sem dinheiro, formando favelas em torno dos municípios atingidos?, reflete. No início do projeto, que é da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), cerca de 200 famílias venderam suas propriedades. Em Cerro Azul e Dr. Ulisses restam 600 famílias que deveriam ser remanejadas para o início das obras.

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Além da construção da usina de Tijuco, o projeto é para mais três hidrelétricas (Funil, Itaoca e Batatal) no Rio Ribeira de Iguape. Se construídas, as barragens inundariam uma área de aproximadamente 11 mil hectares.