Manifestantes fecharam ontem a BR-476 para protestar contra a má conservação da pista e falta de obras de recuperação. O bloqueio foi feito na altura do município de União da Vitória – que faz divisa com o município catarinense de Porto União – e manteve o tráfego interditado nos dois sentidos da pista das 8h ao meio-dia. A mobilização também interditou a estrada no Trevo de Mal-lon (km 225 no entroncamento com a BR-153). Em Santa Catarina, a BR-280 também foi fechada, em Porto União.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Estadual, que monitorou o protesto, o bloqueio causou congestionamento de mais de três quilômetros em cada ponto. Postos de atendimento médico foram montados e lanches foram distribuídos aos motoristas durante a paralisação.
De acordo com o prefeito de União da Vitória, Hussein Bakri, o protesto de ontem foi contra o descaso do governo federal com uma das mais importantes rodovias do Mercosul. Segundo Bakri, passam pela 476 cerca de oito mil veículos por dia, sendo que 70% deles são caminhões. ?Por aqui passam as mercadorias trazidas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e é inadmissível que a estrada esteja neste estado. O governo federal não quer assumir sua responsabilidade?, disse. Segundo o prefeito, a interdição da estrada tem trazido prejuízo ao comércio. ?A nossa economia está sofrendo com isso?, disse.
Renato Stasiak, prefeito de Porto União (SC), disse que, com a interdição da BR-476, o fluxo da região foi desviado pela BR-280, que passa pelo município. ?Isso fez com que o nosso município recebesse cerca de 300 veículos por hora sendo que, destes, 120 eram carretas?, disse o prefeito.
Como Porto União não possui um contorno rodoviário, todo desvio passou a ser feito dentro do município, sucateando as ruas perimetrais. Um investimento de R$ 500 mil foi feito para tapar os buracos mas, com o aumento do fluxo após a interdição, os buracos voltaram a aparecer.
José Luiz Dissenha, presidente do Sindicato Patronal da Madeira, em União da Vitória, disse que o setor madeireiro está sofrendo com o problema. Segundo ele, o péssimo estado da BR-476 está causando dois problemas. O primeiro deles é o aumento dos custos de transporte da matéria-prima e das produções.
Em virtude do aumento da distância percorrida pelos caminhões, o frete ficou mais caro. Segundo Dissenha, como não é possível passar pela estrada principal, a 476, os caminhões estão usando uma rodovia secundaria que sai para Canoinhas (SC), seguindo por Paulo Frontin até Irati. ?O trajeto aumenta em 40 km, boa parte dele em estradas secundárias, que não têm porte para receber caminhões?, disse. ?A outra situação, e esta é a mais grave, é o risco que os motoristas de caminhão estão sofrendo. Os acidentes são freqüentes e isso não pode continuar assim.?
Governo libera trecho até São Mateus
No final da manhã de ontem, o governo do Estado retirou o bloqueio da BR-476 entre o trevo de Mallon, em União da Vitória, até o trevo de São Mateus do Sul – um trecho de 80 quilômetros. Segundo o secretário de Transportes, Waldyr Pugliesi, a restrição do tráfego perdeu a necessidade com as obras realizadas pela Prefeitura de São Mateus do Sul na ponte sobre o braço direito do Rio Iguaçu. ?Foi uma ação conjunta com empresários locais que tornou possível o conserto da cabeceira da ponte?, diz o prefeito de São Mateus do Sul, Francisco Ulbrich (PDT). Entretanto, vale lembrar que o tráfego foi liberado, por questões de segurança, em apenas meia-pista, para veículos leves.
De acordo com o deputado estadual Pedro Ivo (PT-PR), o governo estadual se sensibilizou sob o argumento de que além de causar prejuízos aos municípios da região, o desvio forçado pelas PRs 160 e 153 estavam sucateando as estradas do Paraná. ?O governador entendeu a situação e liberou o tráfego até São Mateus. Mas por ora, os carros precisam continuar desviando por Palmeira para chegar até a Lapa?, explicou o deputado.
Ivo disse ainda que uma reunião entre os prefeitos da região de União da Vitória e o governo federal foi marcada para a próxima terça-feira, em Brasília, com o intuito de desburocratizar o processo de licitação e começar o mais rápido possível as obras de recuperação da rodovia. (SR e Gisele Rech)
