A frota de bicicletas no Brasil é de cerca de 50 milhões, contra 22 milhões de automóveis. No entanto, os ciclistas contam com apenas 600 quilômetros de vias exclusivas, as chamadas ciclovias. O Ministério das Cidades quer ampliar esses números e incentivar os municípios a criar projetos para a integração dos meios de transporte, sendo as bicicletas o alvo principal.
Para isso, estará lançando nos próximos meses o Manual de Planejamento Cicloviário, que visa trazer informações para os municípios de como inserir a bicicleta no sistema de transporte público. De acordo com o diretor do Departamento de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Renato Buareto, o órgão já constatou que, em algumas cidades, favorecidas pela topografia e clima, a presença da bicicleta como meio de locomoção é constante. "Queremos agora levar essas experiências para outros municípios e trazer informações que ajudem a melhorar a integração, não só com a construção de ciclovias, mas como a criação de bicicletários em terminais de ônibus e trens, ampliação da sinalização e segurança para os ciclistas", explica.
Além do manual, o Ministério das Cidades irá disponibilizar recursos na ordem de R$ 62 milhões – em nível de empréstimo ou a fundo perdido – para projetos de municípios que queiram criar essa integração com a bicicleta. A orientação de como participar dos projetos estará disponível no site do ministério nos próximos dias, através do endereço www.cidades.gov.br. Mas Renato Buareto destaca que as prefeituras que quiserem implementar seus sistemas podem contar com outras fontes de recursos. "O Código de Trânsito Brasileiro prevê que os recursos arrecadados com as multas sejam aplicados em educação, sinalização e pequenas obras de engenharia, que podem ser voltadas para os ciclistas", comenta.
O diretor do ministério diz ainda que um novo levantamento sobre a utilização da bicicleta está sendo feito no Brasil, já que os últimos dados existentes sobre o setor são de 1999. Serão pesquisados os 437 municípios que possuem população acima de 60 mil habitantes. Esse levantamento deve estar pronto até junho e servirá de base para novas políticas do ministério.
Curitiba
Em Curitiba, existem 130 quilômetros de ciclovias sinalizadas, porém nem todas possuem uma integração completa entre as vias. O diretor executivo de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Maurício Melara, destaca que há a intenção de investir no melhoramento e ampliação do sistema cicloviário da cidade. Para isso, o órgão fará um levantamento sobre o atual cenário, já que os dados existentes são de 2001.
Nesse levantamento, ficou evidenciado que 68% dos usuários das ciclovias utilizam a bicicleta diariamente para chegar ao trabalho. Nos dias úteis, 29,3% dos ciclistas tinham como destino a região central, 26,5% a região do Portão, 15,9% a região do Boa Vista e 4,5% a Região Metropolitana de Curitiba. A grande maioria deles são homens, com idade entre 19 e 29 anos, que têm como principais ocupações os setores de serviço (40,3%) e comércio (14,1%). "Queremos atualizar esses dados para saber quais serão nossas intervenções", ressalta Melara. Ele adianta que, até o final do ano, deverão ser criados bicicletários em terminais de ônibus e que as ampliações das ciclovias dependerão dos novos levantamentos.
