A Universidade Federal do Paraná inovou na prova de Redação da segunda etapa do vestibular. Diferente do ano passado, quando os candidatos tiveram que responder quatro questões com espaço de 10 linhas para resposta, ontem foram cinco e o espaço variou entre 5 e 20 linhas. Segundo o coordenador do concurso, Erasmo Gruginski, a mudança ajuda a avaliar o poder de síntese e de argumentação dos candidatos. Hoje, serão realizadas as provas específicas para cada curso.
O trânsito ficou complicado nas imediações do campus do Jardim Botânico e foram concedidos 10 minutos de tolerância em todos os locais de provas. Se os portões fossem fechados às 13h30, muita gente teria ficado de fora.
Ontem, os estudantes fizeram prova de produção e interpretação de textos. Foram 10 questões objetivas de interpretação e cinco discursivas. Segundo Gruginski, os alunos tiveram que escrever sobre a atualidade. As questões mais curtas exigiam poder de síntese e as mais extensas, capacidade de argumentação.
Anne Caroline Pereira, de 17 anos, tenta vaga em Farmácia e não considerou a prova difícil. Segundo a estudante, uma das questões pedia a análise de texto sobre o inchaço urbano de Brasília e o outro a urbanização de séculos passados. ?Não estava complicado. Eu tenho facilidade para interpretar e escrever?, fala.
O atleticano Luiz Carlos Retcheski Júnior, 17, conta que teve certa dificuldade para se concentrar na prova devido à final do campeonato brasileiro. Concedeu entrevista com a promessa de que seria breve. Queria ir para casa assistir o fim do jogo. ?A prova estava num nível médio para difícil. Como no jogo de hoje, tenho esperança de ser campeão e ser apropvado?, comentou.
Provas específicas
Hoje, apenas 9.781 candidatos voltam à sala de aula para concluir o processo seletivo. Dos 47 cursos oferecidos, 15 não terão provas específicas, como Jornalismo, Direito e Letras. Os estudantes vão ter quatro horas para realizar as duas provas que variam conforme o curso pretendido. Anne Caroline testará seus conhecimentos em química e biologia. ?É bom porque eu domino melhor as duas áreas?, fala.
Horário deve ser cumprido
A recomendação para hoje é que os candidatos saiam com bastante antecedência de casa. É segunda-feira, semana do Natal, e o trânsito deve ficar mais complicado perto dos locais de prova. Segundo o reitor, Carlos Augusto Moreira Júnior, é bom que os candidatos não apostem nos 10 minutos de tolerância. Nem sempre são concedidos. Denise Mastguin, 18, tenta vaga em Medicina Veterinária. ?Hoje cheguei às 13h45 e amanhã quero chegar cedo também. Não quero passar sufoco?, diz.
Segundo o reitor, o processo seletivo transcorreu dentro do esperado e não houve nenhum incidente. Cerca de 1.300 pessoas atuam na fiscalização, 19 alunos participaram de bancas especiais e dois fizeram provas em hospitais porque estavam internados anteriormente.
Na primeira fase, 44.727 pessoas se inscreveram no processo seletivo, apenas 16.199 passaram para a outra fase. Ontem, mais 250 pessoas foram eliminadas porque não compareceram aos locais de prova.
Cotas valem nesta fase
O sistema de cotas está valendo nesta fase. A Universidade Federal do Paraná está reservando 20% das vagas para alunos de escolas públicas e 20% aos afro-descendentes. Segundo o reitor, Carlos Augusto Moreira Júnior, são 4.560 cotistas. A concorrência entre eles é de 2,74 por vaga e entre os demais é 5,83.
A liminar contra a implantação do sistema de cotas, concedida pelo juiz Mauro Spalding, da 7.ª Vara Federal de Curitiba, a pedido do procurador da República em Guarapuava, Pedro Paulo Reinaldin, foi derrubada na semana passada. A decisão foi do presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.º Região em Porto Alegre, desembargador federal Vladimir Passos de Freitas. ?Não haverá mais problemas. O Ministério Público não irá recorrer?, fala o reitor. A estudante Anne Caroline Pereira poderia concorrer às vagas para afro-descendentes. ?Mas sempre estudei em escola particular. Quis deixar para quem fez a escola pública?, comenta.
