Walter Alves / GPP
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Em Curitiba, manifestantes
caminharam da Praça Santos
Andrade até o Palácio Iguaçu.

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Mais de três mil professores e funcionários de escolas públicas estaduais de todo Paraná paralisaram suas atividades durante o dia de ontem e realizaram uma série de manifestações por melhores condições de trabalho. Em Curitiba, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) organizou uma caminhada, que teve início às 10 horas, da Praça Santos Andrade ao Palácio Iguaçu, no Centro Cívico.

Os professores pedem, entre outras coisas, reajuste salarial. ?Estamos querendo um reajuste mínimo de 48%. Desta forma, o piso salarial dos professores poderá ser equiparado ao piso de outros servidores estaduais com curso superior e que trabalham por um período de 40 horas semanais?, afirmou o presidente da APP-Sindicato, professor José Rodrigues Lemos.

No final da manhã, uma comissão de professores que integram a APP-Sindicato foi recebida no Palácio Iguaçu pelo secretário de Estado da Educação, Maurício Requião, e pelo chefe da Casa Civil, Caíto Quintana. Uma cópia da pauta de reivindicações da APP foi entregue e o governo marcou para o dia 12 de setembro uma nova reunião com representantes dos professores para discutir as demandas. De acordo com Requião, a maior parte dos pedidos da categoria já está sendo analisada pelo governo. Foi acordado também que os professores não receberão falta por causa da paralisação de ontem.

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Após a audiência com o governo, os manifestantes foram para a Assembléia Legislativa pedir o apoio dos deputados estaduais. Foi feito ainda um pronunciamento sobre o projeto de lei que limita para um máximo de 25 o número de alunos nas salas de aula da rede estadual pública de ensino.

?O governo já assumiu um item importante da nossa pauta: encaminhar os 25% dos recursos de impostos para investimentos em educação básica, coisa que não vinha sendo feita no Paraná desde 2000?, disse Lemos. De acordo com os dados da APP, só no ano passado o governo do Estado deixou de investir R$ 439 milhões na educação básica, quando apenas 19% dos impostos foram revertidos para este fim.

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A APP vai esperar a resposta do governo no próximo dia 12 para dar início, no dia 13 de setembro, a uma série de 29 assembléias regionais que serão realizadas em todo o Paraná para discutir o andamento das negociações. No dia primeiro de outubro, será realizada uma assembléia estadual da categoria em Curitiba. ?Ainda não está descartada nenhuma hipótese (sobre greves). Apenas sabemos que os professores do Paraná não vão terminar o ano como começaram. O governo precisa atender nossos pedidos?, disse Lemos.

Luto

30 de agosto é considerada data histórica para os professores estaduais do Paraná, sendo definido como Dia de Luto e de Luta da Educação Paranaense. Neste dia, no ano de 1988, durante o mandato do então governador Alvaro Dias, professores em greve realizaram uma passeata até o Palácio Iguaçu com o objetivo de reivindicar correção salarial em função do aumento do valor do salário mínimo. Quando chegaram ao Centro Cívico, os manifestantes foram recebidos pela polícia. ?Foi um dia triste e de muita violência. Fomos recebidos por policiais a cavalo e com cachorros. Alguns professores foram feridos e carregam cicatrizes até hoje?, lembra Lemos.