Ligações cortadas

Maioria dos orelhões espalhados pela cidade não funciona

Enquanto o número de telefones celulares no Paraná cresceu 143,7% nos últimos sete anos, o de orelhões encolheu 25,3%. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em junho de 2007 o Estado contava com 65.651 telefones públicos ativos e hoje tem 48.995. Já a quantidade de linhas móveis saltou de 6.067.032 para 14.786.468. Neste período, a teledensidade (número de celulares por habitante) passou de 57,82 para 133,72. Só em Curitiba, região metropolitana e litoral (DDD 41), há atualmente mais de um celular e meio por habitante, já que a teledensidade atingiu 152,11 em dezembro de 2013, conforme o dado mais recente da Anatel.

Desde 2010, o Brasil tem mais telefones móveis que moradores. Mas apesar desta forte reversão do cenário, ainda há quem recorra ao telefone público. Para quem ainda utiliza o serviço, a primeira dificuldade é encontrar um orelhão. E quando encontra, muitos estão quebrados, pichados e com propagandas irregulares.

De acordo com a Anatel, a quantidade de telefones públicos caiu um terço no Brasil nos últimos dez anos. A média nacional atualmente é de 4,3 aparelhos para cada mil habitantes. Em Curitiba, o número é muito parecido. São 7.850 orelhões para uma população estimada de 1.848.946, o que representa 4,24 a cada mil pessoas. O plano geral de metas para universalização, em vigor desde 2011 e válido até 2015, indica a quantidade mínima de quatro aparelhos a cada mil habitantes, mas o novo plano pode reduzir esse número para um.

Marco Lima
É comum se deparar com cenas como esta pelas ruas de Curitiba.

A empresa telefônica Oi informa que “registrou entre 2007 e 2012 queda de aproximadamente 40% ao ano no uso dos orelhões, o que representa redução de 92% durante esse período. Pesquisas realizadas pela empresa mostram que, atualmente, o uso é esporádico”. Nos grandes centros, a média diária de ligações feitas via orelhão não passa de duas.

Ao ser questionado após utilizar o telefone público na Rua Marechal Deodoro, no centro de Curitiba, Marcos Rodrigues afirmou que só usa o aparelho quando o celular está com problema e que a última vez que lembra ter feito uma ligação do telefone público faz mais de dois anos. Rosa Maria de Souza, que utilizava um orelhão na Praça Carlos Gomes, reclamou sobre o estado dos aparelhos. “Eu só uso em caso de emergência, quando estou sem crédito, e quando preciso, não encontro nenhum funcionando. Todos quebrados, pichados e quando funcionam, estão em péssimo estado de conservação”.

Vândalos não dão trégua!

A Oi informa que, nos três primeiros meses do ano, foram danificados por vandalismo, mensalmente, cerca de 10% do total de orelhões. A empresa afirma que “mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta, ainda, com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10314 por consumidores e por entidades públicas”.

Marco Lima
Sobram anúncios ligados a sexo.

Para não desaparecer, as fabricantes de telefones públicos apostam em novas tecnologias. A Oi informa que “em Curitiba, assim como em todo o território nacional, para a instalação de terminais de uso público (TUPs/orelhões) e individuais, atende às disposições constantes no Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU) – Decreto Presidencial n.º 7.512, de 30 de junho de 2011,.

A empresa afirma que investe constantemente em estudos de sua planta telefônica e, se for verificada ociosidade de alguns telefones públicos, eles podem ser transferidos para áreas de maior demanda – sempre respeitando a regulamentação da Anatel. A companhia acrescenta que a migração do consumo de voz fixa (acesso individual ou telefone público) para voz móvel faz parte da evolução da telefonia em todo o mundo, inclusive no Brasil. Por isso, investe na transformação de orelhões tradicionais em hotspots wi-fi, para permitir acesso de seus clientes a internet sem fio grátis.

Colaborou: Olavo Pesch

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