A pesquisadora catarinense Andrielli Medeiros, formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), registrou a presença de raias mantas na área de influência do Porto de Paranaguá. Com o Projeto Raia Manta, agora ela estuda os detalhes da presença na região das maiores raias do mundo, que chegam a ter sete metros de comprimento entre uma nadadeira a outra. A baía paranaense é o único lugar onde está confirmada a ocorrência sazonal dessa espécie.
Andrielli explica que todos os anos, mesma época e no mesmo local, as raias mantas têm aparecido na Baía de Paranaguá, em frente à Ilha das Peças. “Ainda não sei o motivo das raias entrarem no estuário. Tenho somente hipóteses que estão sendo estudadas, como para alimentação e realização do parto e reprodução”, disse.
A pesquisadora explica que a ilha faz parte da área indireta de influência do Porto de Paranaguá. Por isso, o projeto pretende fazer uma parceria com a equipe do Núcleo Ambiental da Administração dos Portos do Paraná para utilizar os dados do monitoramento realizado no Canal da Galheta para entender porque elas entram somente por este canal.
Ainda de acordo com Andrielli, as raias mantas nadam na coluna d´água, batendo as nadadeiras, como se “voassem”. Elas Também saltam para fora da água, saltos únicos ou duplos, geralmente batendo o dorso (costas) na água, como ocorre na baia de Paranaguá.
Especial
“A ocorrência das raias mantas é comum em áreas oceânicas, em ilhas ou recifes de coral. A ocorrência delas em estuário – áreas abrigadas onde a água do mar se mistura com a água dos rios – se restringe a registros esparsos na costa dos Estados Unidos e, agora, aqui na Baia de Paranaguá, sendo aqui o único lugar no mundo com onde elas aparecem sazonalmente”, completa.
Segundo Andrielli, ainda é difícil saber o número exato de raias mantas que circulam por aqui. “Tenho mais de 320 saltos de raias mantas registrados até agora, nos anos de estudo, que podem ser de indivíduos diferentes ou não. A presença delas é um grande presente para todos. Elas são enormes, magníficas e pouquíssimo conhecidas e estudadas no mundo, além de serem muito inteligentes, com o maior cérebro entre os peixes”, comemora Andrielli.
Presença
Como mostra o estudo da oceonógrafa, as raias mantas entram no estuário no verão, mas o mês de entrada e saída varia de ano para ano. “Monitoro de dezembro até junho. Elas vêm durante este período, geralmente com um mês de pico de ocorrência. Em 2012 foi em abril, em 2013 em fevereiro e, 2014, em janeiro”, detalha.
Como indica a pesquisadora, a melhor maneira para avistá-las é sentar na beira da praia da Vila da Ilha das Peças e observar o mar. “O salto ocorre de repente e se quem tiver sorte poderá ver dois saltos. Os nativos falam que não pode apontar para a manta saltando, senão elas não realizam o segundo salto. Andar de barco diminui a possibilidade de avistá-las, além de ser perigoso ocorrer de elas arrastarem barcos fundeados, de ocorrer colisões com elas e com os golfinhos e do motor espantá-las”, orienta.
As imagens do “Projeto Raia Manta” estão disponíveis no Facebook e no site projetoraiamanta.wix.com/promantas.