O Mãe Curitibana – programa de atenção materno-infantil implantado em Curitiba pelo prefeito Luciano Ducci – será levado, pela Organização das Nações Unidas (ONU), aos países pobres da África e Ásia para salvar mães e bebês e conter o avanço da transmissão vertical do HIV/Aids.
O programa será também base de estudo científico da Organização Mundial da Saúde (OMS), que enviará técnicos a Curitiba com o objetivo de expandir o modelo a outros continentes.
“Pela primeira vez Curitiba veio apresentar um programa na OMS. E nada melhor do que apresentar o Mãe Curitibana, que é uma referência já no Brasil. Um programa que vem sendo implantado em outros estados como São Paulo, com o Mãe Paulistana, Pernambuco, com o Mãe Coruja e nos próximos meses vai ser implantado no Paraná, pelo governador Beto Richa, como Mãe Paranaense. Mostra que o programa é simples, pode ser implantado em outras cidades e em outros países e ajudar muito a diminuir a mortalidade infantil, materna,e em especial, a redução da transmissão do vírus HIV”, disse o prefeito Luciano Ducci.
“O Mãe Curitibana vai ajudar muitos países a salvar vidas. Nossa cidade, que há anos exporta ideias e projetos urbanos, agora é também referência no suporte às famílias”, completou o prefeito curitibano, que apresentou os resultados do programa nesta quinta-feira (2), em Genebra, Suíça, a convite do diretor do Departamento de Estratégias e Resultados da agência da ONU UNAIDS, Bernhard Schwartländer.
Após apresentar os resultados do Mãe Curitibana, o prefeito se reuniu com a vice-diretora geral do setor de Família, Mulher e Criança, da Organização Mundial da Saúde (OMS), Flavia Bustreo. Na reunião, a OMS definiu o envio a Curitiba de dois técnicos brasileiros, José Martins e Cinthia Boschi Pinto, para a elaboração de um artigo científico sobre o programa.
“Este programa, extremamente fascinante e muito inspirador, pode ser compartilhado com mais pessoas, governos, políticos, promotores e pela sociedade civil. O Mãe Curitibana mostra que é viável e possível de ser implantado em outras cidades do mundo”, disse Karusa Kiragui, assessora sênior para prevenção – UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS).
A Coordenadora de Prevenção do UNAIDS, Mariangela Galvão Simão, referendou o projeto curitibano. “Se é possível fazer numa cidade como Curitiba, também é possível fazer em outras cidades em países de média renda no mundo.
Curitiba tem sido um exemplo em mostrar como a cidade se organiza pra resolver os seus problemas. Uma lição para o mundo, não só na área do meio ambiente, como é conhecida, mas também na área de saúde”, completou.
O Mãe Curitibana já faz parte do plano global de atenção materno-infantil da Organização das Nações Unidas. É destaque também em livro publicado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Organização Mundial de Saúde (Opas) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
A obra, “As Redes de Atenção à Saúde”, do professor e consultor em Saúde Coletiva Eugênio Vilaça Mendes, aborda os movimentos de reforma sanitária dentro e fora do Brasil, a exemplo de Canadá, Inglaterra e Estados Unidos, destacando a importância da organização dos municípios em redes de atenção à saúde principalmente para a saúde pública nacional.
O programa criado em Curitiba é exemplo para projetos similares implantados no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná e na capital de São Paulo
Vida e Saúde – O Mãe Curitibana garante exames de pré-natal, parto seguro, atenção a mãe e ao bebê durante toda a gravidez até,; 40 dias após o nascimento. Passado esse tempo, a mulher recebe alta e a criança é automaticamente vinculada ao Programa do Lactente.
A cada ano, 17 mil mulheres são vinculadas ao programa, que oferece mais de quinze tipos de exames complementares, visita ao dentista e oficinas de gestantes com a participação dos pais dos bebês.
Além da atenção e cuidados com o filho que vai chegar, elas também são orientadas sobre planejamento familiar. O objetivo é prevenir uma nova gestação inesperada. Os métodos contraceptivos, adequados à condição de saúde de cada mulher ou homem, são oferecidos gratuitamente nas próprias unidades de saúde.
A integração entre os diferentes níveis de serviços – unidades de saúde, hospitais, clínicas e laboratórios – continua após o parto. Antes da alta, todas as mães e seus bebês têm sua primeira visita à unidade de saúde marcada pelo próprio hospital ou maternidade, que tem acesso online às agendas das unidades de saúde onde a dupla está cadastrada.
Desde a criação, em março de 1999, 200 mil mulheres e seus bebês foram acompanhados pelo programa. Cerca de 85% das gestantes vinculam-se até o 4º mês de gestação e apenas 13% são diagnosticadas como de médio ou alto risco. Quase 70% dos partos – que representam cerca de 60% das gestantes da cidade – são normais.
O programa contribui, de forma significativa, na redução da mortalidade infantil e materna. De 1998 para 2009 a mortalidade infantil caiu de 16,64 por 1000 nascidos vivos para 8,97 / 1000.
A redução da mortalidade materna também merece destaque. De 60,5 por 100 mil nascidos vivos entre 1994 a 1999 e de 43,9 por 100 mil entre 2000 e 2005, o indicador desceu para 38,6 por 100 mil nos últimos 5 anos.