Lula abre reunião de ministros na COP8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo com todas as turbulências no cenário político nacional, abriu ontem o Segmento de Alto Nível da 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), evento da Organização das Nações Unidas (ONU) que até quarta-feira será realizado no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba, entre ministros de Meio Ambiente de diversos países. Como já era esperado, o presidente falou apenas sobre o tema da conferência e não citou a crise política e não se dirigiu à imprensa.

O tom do discurso de Lula, assim como o da ministra Marina Silva, girou em torno da negociação do Regime Internacional de Acesso e Repartição de Benefícios. ?Uma lógica ambiental sustentável é incompatível com uma engrenagem econômica que se apóie em desigualdades sociais crescentes e asfixiantes?, disse o presidente. No fim do pronunciamento, de forma improvisada, chamou a atenção para que se pare de assinar protocolos e que não sejam cumpridos. ?Desde a Eco-92, o que avançamos? Só assinamos protocolos em muitos lugares do mundo e que não deixam de ser meros protocolos?, finalizou.

Antes de Lula, discursaram – pela ordem – o prefeito de Curitiba, Beto Richa, o governador do Paraná, Roberto Requião, o secretário executivo do COP8, Ahmed Djoghlaf, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Klaus Toepfer. Requião aproveitou o discurso para criticar as transnacionais, a quem qualificou de ?bárbaros? que precisam ser freados com barreiras, e defendeu a rotulagem dos transgênicos, medida que transformou em lei estadual recentemente.

Protesto

Aproveitando a visita de Lula, agricultores familiares de 22 municípios paranaenses se reuniram em frente ao Estação Embratel Convention Center e fizeram um ato chamando a atenção para um projeto de compensação financeira aos que preservam o meio ambiente em suas propriedades. Eles também expressaram a oposição aos transgênicos.

O trânsito foi bloqueado em frente ao local. Os agricultores ocuparam a canaleta dos ônibus expresso e a pista da Avenida Sete de Setembro em direção ao bairro. Não houve incidentes com o tráfego interrompido na região.

Os agricultores formularam um documento, já entregue aos ministros Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário) e Marina Silva (Meio Ambiente), no qual pedem uma compensação por preservarem a mata nativa presente nas propriedades onde trabalham. A proposta indica a criação de um fundo com recursos do Tesouro, vindos do Estado e da União, para compensar os agricultores que prezam pela preservação da natureza.

Os cerca de 500 agricultores que participaram do ato ainda expuseram suas opiniões contra os transgênicos e as multinacionais que detêm a patente sobre as sementes geneticamente modificadas. ?A soja é um símbolo da devastação do meio ambiente. Queremos uma política baseada na diversidade e na preservação ambiental. A agricultura familiar está disposta a isso?, afirmou Marcos Rochinski, coordenador da Federação dos Trabalhadores sobre a Agricultura Familiar no Paraná.

À tarde, o grupo discutiu a compensação ambiental na Assembléia Legislativa, onde está tramitando um projeto de lei o assunto, de autoria do deputado Pedro Ivo (PT). A iniciativa prevê a compensação para os agricultores familiares cujas propriedades tenham mais de 20% de reserva legal. O valor sugerido, por ano, é o correspondente a 50 sacas de milho por alqueire. Os agricultores ainda se reuniram com o vice-governador e secretário de Estado da Agricultura, Orlando Pessuti, para quem mostraram o projeto de desenvolvimento da agricultura familiar.

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