Lobby do álcool continua grande nas estradas

Por mais que os parlamentares tenham algumas boas intenções, algo parece acontecer que não permite que seja efetivada uma lei que proíba a compra e venda de bebida alcoólica na beira das estradas. Tais projetos encontram-se acumulados e tramitando em conjunto. Enquanto isso, mesmo ainda sendo o álcool um dos principais fatores de acidentes de trânsito, sempre tem aquele motorista que não resiste a um gole. O médico Luiz Carlos Vonbahten tem uma opinião sobre essa lacuna. "Existe um lobby muito grande para que isso (lei) não aconteça", afirma.

"O que mais vende é bebida alcoólica. 70% do nosso lucro é com bebida. Os nossos principais clientes são motoristas, chapas e agenciadores. E alguns saem quase em coma alcoólico, trançando as pernas, e vão dirigir", afirma Carlos Henrique Poerski, que atende no balcão de um bar da BR-476. Ele diz que o que mais vende é cerveja e cachaça, principalmente à noite. Porém, o motorista Antônio Hiri, 61 anos, é sincero. "Agora mesmo dei um bico. 90% dos motoristas tomam mesmo quando vão dirigir. No almoço e no jantar. O restaurante que não servir um aperitivo perde o cliente", afirma.

Não é somente satisfação aos clientes que os aperitivos de beira de estrada trazem. Os médicos alertam que os problemas que uma venda de bebida alcoólica pode originar: de 0,16 a 0,20 miligramas de álcool por litro de sangue, 20% já não estão seguros de si; de 0,20 a 0,30 mg/l, na maioria as faculdades já estão alteradas; de 0,30 a 0,50 mg/l, 25% dos pacientes não são capazes de dirigir e a chance de haver um acidente aumenta duas vezes; de 0,50 a 0,80 mg/l, o risco de trauma pela falta de reflexo aumenta quatro vezes; de 0,80 a 1,5 mg/l, há um comprometimento da vigilância no trânsito e o risco aumenta 25 vezes; de 1,5 a 3 mg/l, já é um estado de extremo alerta; de 3 a 5 mg/l é um estado de embriaguez total; e acima disso é o coma alcoólico e até morte, como explica Vonbahten, lembrando que uma dose de destilado significa 0,4 mg/l em uma pessoa de 80 quilos, e um copo de cerveja 0,3.

Confirmação oficial

De acordo com a secretária de assuntos legislativos do Ministério de Justiça, Ivete Viegas, "lei federal não existe, mas o Poder Executivo tem projetos de leis nesse sentido. Há cerca de três anos, discute-se a eficácia dessa proibição. Mas o fato de não proibir não significa a não punição da direção perigosa".

Apesar de os projetos não serem aprovados, Viegas garante que a venda de bebida alcoólicas nas estradas não é um assunto encerrado. "Estamos estudando novamente esse tema, entre o Ministério da Justiça e o Ministério da saúde. Ainda se discute o assunto", afirma Ivete.

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