Lixo só cresce, já o bom senso…

Todo o lixo que produzimos, exceto aquele que separamos para reciclar, é depositado em aterros sanitários, mas as dificuldades de encontrar um local adequado para armazenar o que jogamos fora vem trazendo crescente preocupação para muitas cidades. Em Curitiba, o aterro sanitário da Cachimba, desde que foi inaugurado em 1989 já recebeu cerca de 6,5 milhões de toneladas de lixo. E tem espaço para pouquíssimo mais. Atualmente, o consórcio de municípios criado para dar destino comum ao lixo produzido por parte dos municípios da Região Metropolitana está em fase de escolha de um local para o novo aterro.

Segundo o diretor do departamento de limpeza pública da Secretaria Municipal do meio ambiente, Nelson Xavier Paes, o aterro só poderá receber o lixo até março de 2003. “Acredito que o prazo poderia ser bem maior se as pessoas separassem o lixo reciclável do orgânico, pois uma garrafa de refrigerante, por exemplo, que é depositada no aterro além de ocupar um espaço bastante significativo, ela também vai levar cerca de 400 anos para se decompor “, acrescenta Nelson.

Hoje a maioria do lixo que jogamos fora é reciclável. Em Curitiba e região metropolitana, somente 21% das 2,4 mil toneladas de entulhos depositados diariamente no aterro da Cachimba são encaminhados para o processo de reciclagem. “A falta de informação e de consciência das pessoas com relação aos benefícios da reciclagem é muito grande. Atualmente tudo o que separamos para reciclar, cerca de 40 ton./dia, é vendido para empresas. Acho que se fosse separado mais, não faltaria comprador “, afirma o gerente da Usina de Valorização de Resíduos em Campo Magro, Alfredo Carlos Holzmann.

A importância da separação do lixo reciclável é muito significativa para o desenvolvimento de uma cidade. Em Curitiba, no ano passado foram reciclados mais de três milhões de toneladas de lixo, o que representou renda para muitas pessoas necessitadas. Todo o dinheiro conseguido com o processo de reciclagem é repassado ao instituto pró cidadania, que administra vários instituições a cidade, entre creches, asilos e outros. Além disso, muitos recursos naturais foram poupados com a reciclagem. Uma tonelada de alumínio reciclado, por exemplo, salva cinco toneladas de bauxita ( Pedra Mineral) e 60 Kg de papel reciclado salva uma árvore. “Hoje, 12.796 árvores da capital paranaense já foram salvas devido ao processo de reciclagem do lixo”, afirma a superintendente de controle ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Marilsa do Carmo Oliveira Dias.

Outro benefício que a população estará gerando para ela mesmo, através da separação do lixo, são os empregos tanto diretos como indiretos ( confecção de produtos artesanais e trabalho nas indústrias de reciclagem). Hoje em Curitiba, muitas famílias de renda baixa sobrevivem da venda do lixo. Há cerca de 2,8 mil carrinheiros, que recolhem 375 toneladas de resíduos diariamente, ou 135 quilos cada. “Muitas vezes a venda de lixo é a principal fonte de renda destas famílias pobres, acredito que cerca de 20 mil pessoas utilizam o lixo como moeda para obter alimento”, acrescenta Alfredo.

“Falta de paciência” impede a separação

Ana Lúcia Alge

O administrador Eric Lopes de Oliveira, de 28 anos, que mora sozinho e consome principalmente alimentos congelados embalados em papelão e plástico, afirma nunca ter separado o lixo reciclável do orgânico. ” Uso apenas uma lixeira e lá coloco tudo o que consumo, não tenho paciência e nem tempo para separar uma coisa da outra”, ressalta Eric.

Como o administrador, muitos não fazem a separação por acreditarem que separar o lixo reciclável do orgânico ( não reciclável) exige um grande esforço. A prática, porém, prova que a separação exige bem mais boa vontade do que tempo ou esforço físico. Para separar, basta colocar duas lixeiras, uma para o lixo reciclável e outra para o orgânico e a partir daí, manter o mínimo de atenção para colocar os resíduos no local certo.

O lixo orgânico é aquele que não pode ser reaproveitado. Geralmente é o lixo sujo e molhado, como os restos de alimentos por exemplo. Já o lixo reciclável é tudo aquilo que pode virar matéria-prima no processo industrial, como jornais, revistas, latas de cerveja e refrigerante, sacos plásticos e muitos outros. Há também o lixo tóxico e o de resíduos vegetais. Estes devem ser separados dos recicláveis e dos orgânicos, pois têm características bastante diferentes. O lixo tóxico, como pilhas, tinta, remédios vencidos, entre outros, pode pôr em risco a saúde do homem e do meio ambiente e por está razão deve ser separado e encaminhado para a Central de tratamento de resíduos industriais, em Curitiba na Cidade industrial. Já os resíduos vegetais originados devem ser separados e enviados para o depósito de resíduos vegetais localizados no Parque Náutico.

Separação não exige mais que boa vontade

Pioneira, Curitiba lançou o programa Lixo que não é lixo em 1989, inovando o sistema de recolhimento de resíduos urbanos no Brasil. Hoje são 23 caminhões baú e 38 equipes trabalhando para coletar somente o lixo reciclável separado por moradores como a professora universitária Maria Inez Svistalski, de 36 anos, e a zeladora Sônia Terezinha Tratch, de 40 anos. Ambas têm um consumo variado entre produtos recicláveis e orgânicos e acreditam que quando separam o lixo estão ajudando com sua parte para uma um a cidade e um mundo melhores. ” Acho que todos deveriam separar, afinal não custa nada e salva além de pessoas necessitadas, o meio ambiente “, afirma Maria Inez.

” Conheço pessoas que garantem o sustento da família através da venda de lixo. Se a gente não ajudar como é que eles vão comer ? Além disso, separar o lixo é tão simples, só basta ter vontade”, ressalta Sônia.

Para obter informações sobre o horário de coleta do lixo tanto reciclável quanto orgânico, tóxico e de resíduos vegetais basta acessar o site ou ligar para o telefone 156. ( ALA)

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