A Ilha das Peças, em Guaraqueçaba, que é considerada uma das principais áreas de preservação ecológicas do Paraná, está tomada pelo lixo. Desde o fim do ano passado não há mais barco responsável pela coleta dos resíduos. A ilha não possui aterro sanitário, nem usinas de reciclagem.
Segundo as estudantes Diane Cristine Gonzaga e Karen Pryscila Coelho, do primeiro ano do curso de Biologia das Faculdades Integradas Espírita, em Curitiba, que desenvolvem um projeto de educação ambiental na ilha, o lixo orgânico costuma ser enterrado pelos moradores e o lixo inorgânico geralmente é queimado. Já os materiais recicláveis, como vidro, latinhas de alumínio e papel, estão sendo depositados em um antigo barracão da Copel.
“Nesse barracão, os sacos de lixo de acumulam aos montes, dando um aspecto bastante ruim ao lugar”, comenta Diane. “O depósito fica localizado ao lado do trapiche da ilha, por onde entram e saem todos os turistas, em frente a um campinho de futebol onde as crianças costumam jogar bola e nas proximidades de uma cozinha comunitária”, acrescenta Karen. Na cozinha, treze mulheres trabalham na fabricação de doces e salgados a serem vendidos a turistas e aos próprios moradores de Guaraqueçaba.
As estudantes contam que, apesar de existirem placas ao longo da ilha pedindo aos turistas para que não joguem lixo no chão, o lixo está presente em todos os locais e é basicamente produzido pelos próprios moradores. Elas se preocupam principalmente com a saúde dos cerca de quatrocentos habitantes da ilha, que devido aos resíduos acabam sujeitos, por exemplo, a doenças como a dengue e a leptospirose.
“A todo momento, crianças brincam em meio ao lixo, correndo o risco de se ferir ou se contaminar com seringas e outros tipos de materiais”, diz Diane. “Muitas vezes, materiais cortantes ficam cobertos pela areia em locais onde as crianças brincam”, alerta Karen.
Diane e Karen, assim como outros estudantes de Biologia, já entraram em contato com a prefeitura de Guaraqueçaba e com o Ibama, porém nada conseguiram. Segundo elas, um órgão joga a responsabilidade sobre o outro e ninguém faz nada. “Nosso trabalho de educação ambiental na ilha acaba inviabilizado em meio a tanto lixo”, reclamam.
A Ilha das Peças está localizada no litoral Norte do Estado. Junto com o Parque Nacional do Superagüi, faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba pelo Decreto Federal número 97.688, de 25 de abril de 1989, e pela Lei número 9513, de 20 de novembro de 1997.
Prefeitura e Ibama
O prefeito de Guaraqueçaba, Antônio Felício Ramos Filho, alega que o lixo não está sendo recolhido por falta de verba, o que não possibilita a compra de um barco para realizar o recolhimento dos resíduos. No Ibama, a reportagem recebeu a informação de que a pessoa que responde pelo Parque Nacional de Superagüi e pela Ilha das Peças estava viajando.
