Em uma iniciativa inovadora, a Embrapa Floresta lançou e começou a doar, ontem, em Curitiba, a versão em braile do livro A viagem das Sementes, de Paulo Ernani Carvalho e Jorge Duarte. O livro, lançado com sucesso em 2001, será disponibilizado a todas as escolas e centros de apoio que atendem alunos com deficiência visual. A entrega começou na Escola de Educação Especial Boa Vista, beneficiando cerca de 50 crianças.
"É uma parceria da Embrapa com o Comitê das Entidades no Combate à Fome e pela Vida e Secretaria de Educação. Os nosso funcionários fizeram uma campanha interna e compraram os livros para doar. Vamos disponibilizar exemplares a todas as associações e escolas que atendem alunos cegos no Paraná. Nesse momento, cerca de 35 livros começaram a ser doados, 20 somente aqui em Curitiba", explica o diretor de comunicação da Embrapa Floresta, Maciel Botelho Machado. Segundo ele, a iniciativa é importante porque ainda são escassos os materiais em braile e "pouquíssimos sobre o tema meio ambiente".
Matriculados em toda a rede de ensino, o Paraná atende um total de 953 alunos cegos e outros 2.358 com baixa visão, segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed). Em escolas de educação especial ou inseridos no ensino regular, esses alunos parecem ter acesso a todo o material didático exigido pelo currículo. No entanto, o restrito acesso a bibliografias mais diversas se confirma. "Nunca houve uma iniciativa como essa que partisse do próprio Paraná. Existem as iniciativas dos livros falados (que vêm de outros estados), mas com livros em braile a gente acaba abrangendo um público maior. Geralmente nosso aluno não tem acesso a outros livros, além dos didáticos", afirma a técnica-pedagógica da área visual do Departamento de Educação Especial da Seed, Míriam Fagundes.
De acordo com o presidente do Instituto Paranaense de Cegos (IPC), Mário Sérgio, a disponibilidade de um acervo para a população com deficiência visual, apesar de ainda ser restrito, já foi pior. "Não tenho dúvida que os dias de 2006 são melhores que os dias de 2000, mas nós ainda temos uma defasagem muito grande, que pouco a pouco estamos melhorando. O acesso à bibliografia em braile não é bom no Brasil todo e o Paraná não é exceção à regra", comenta.
A escola do IPC atende 75 alunos. Sobre a iniciativa da Embrapa, Sérgio afirma que é fundamental, mas é preciso mais. "Considero como um primeiro passo à frente, mas que poderia, então, ser mais freqüente e uma caminhada mais rápida. No entanto, é somente depois da primeira que as demais acontecem. Certamente apoio atitudes como essas", conclui o professor.