A importância da estimulação e da educação para os portadores de deficiência visual foi o tema da monografia de conclusão de curso de pós-graduação em educação especial das professoras Daiana Espíndula Bertolin, que tem a deficiência, e Aline Mendes Sankari. As duas receberam apoio para transformar o trabalho em um livro, devido à falta de material sobre o assunto.
Em abril deste ano, as professoras lançaram Sensibilidade além dos olhos, da Editora Annablume, que conta experiências reais de deficientes visuais e propõe metodologias de educação para cegos.
A publicação mostra pesquisas e entrevistas com pais de deficientes visuais, profissionais da área e experiências de cegos atendidos pela Associação de Pais e Amigos de Deficientes Visuais (Apadevi), entidade onde Daiana trabalha, criada em 1972. Além disso, as professoras indicam propostas pedagógicas de como realizar a educação mais correta possível.
Aline e Daiana defendem a estimulação desde os primeiros dias de vida, o que pode ajudar muito no desenvolvimento das potencialidades da criança. ?Sentimos falta de um pedagogo ou psicólogo que encaminhe a criança para a educação especial. A primeira orientação deve ser feita já no hospital?, conta Aline. Segundo Daiane, a estimulação serve para desenvolver os outros sentidos. ?O cego não nasce já com a audição aguçada. Se ele enxerga claridade ou cores, temos como trabalhar isso para que se desenvolva ainda melhor?, opina. Quanto mais cedo a estimulação acontecer, maior o desenvolvimento e a integração do deficiente visual na sociedade. Às vezes isso não acontece, inclusive em famílias com condições financeiras, porque falta informação sobre o assunto. ?É pouca informação, além de ainda existir um preconceito muito grande. A família também exerce um papel essencial, pois como a sociedade vai aceitar o deficiente se nem a própria família o aceita??, questiona Daiane.
As professoras, que atuam na rede municipal de ensino – Daiane também é professora do Estado -, acreditam que o deficiente visual deve freqüentar a escola regular e, no contraturno, ter acesso ao ensino especial. Não é recomendado que o deficiente visual fique em apenas um regime. ?Os professores em geral já estão mais preparados para receber o aluno especial?, comenta Aline. ?Mas ainda existem os resistentes. É até natural ficar assustado com uma coisa diferente?, pondera Daiane. Mais informações sobre o livro: (41) 3244-3172.