O quinto boletim de balneabilidade do litoral paranaense, divulgado ontem pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, indicou um aumento no número de locais impróprios para banho. Na última análise, que avaliou as condições de 37 pontos do litoral, somente cinco tinham índices de balneabilidade aceitáveis. Desta vez, o número caiu para três.
Para o secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, as análises não estão refletindo claramente a real situação das praias paranaenses em vista da extensão do litoral (80 quilômetros), contraposta ao número de pontos analisados. ?Determinei ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná) que aumente na próxima análise o número de coletas primeiramente para 50 e, depois, para cem, ampliando o universo pesquisado?, afirma.
Os três pontos apontados como adequados à balneabilidade na quinta análise são o da avenida principal do balneário Olho d?Água, em Pontal do Paraná; 30 metros à esquerda do Rio da Praia do Farol, na Ilha do Mel; e cem metros à esquerda do Morro do Cristo, em Guaratuba.
Segundo o secretário, porém, a divulgação se pontua pelos critérios técnicos utilizados nas análises, que não leva em conta os termos absolutos e, portanto, não possui alta precisão. ?Se botássemos linearmente os pontos tidos como impróprios, hoje seriam aproximadamente três quilômetros de praia?, justifica.
O secretário enumera como um dos principais fatores contribuintes para isso a metodologia utilizada para as análises. ?Os pontos onde há coleta tradicionalmente são locais em que há saída de tubulação de galeria pluvial ou entradas de canais e foz de pequenos rios?, considera. As próximas amostras serão coletadas em seis novos pontos de Pontal do Paraná, três de Matinhos e quatro em Guaratuba. As praias onde não há monitoramento são consideradas próprias para banho.
Ainda que os pontos de análise venham a ser ampliados, a diminuição de balneabilidade apontada pelo boletim se deve, de acordo com Cheida, a algumas suspeitas ainda não confirmadas. A primeira delas está ligada à construção de redes de esgoto, obras inacabadas que em alguns casos acabam sendo usadas pela população. Com as chuvas, o esgoto vaza pelos bueiros e vai para o mar. Há também denúncias de caminhões auto fossas que estariam esvaziando os carregamentos durante a noite em pequenos ribeirões e em galerias de água pluvial. O IAP irá apurar o caso.
Retrospectiva
No primeiro boletim de balneabilidade divulgado pelo IAP, era 20 o número de pontos impróprios para banho; no segundo o número passou para 22; no terceiro foram 27; no quarto boletim 32 pontos apareceram impróprios e, esta semana, 34. ?Temos que lembrar que os pontos impróprios estão localizados onde está a sinalização e que cem metros depois a água se dilui e torna-se própria para banho. Pontal do Paraná, por exemplo, tem 22,2 quilômetros de praia e apenas 800 metros interditados por pontos impróprios?, diz o presidente do IAP, Rasca Rodrigues.
O monitoramento da balneabilidade das águas do litoral realizado nos últimos 16 anos, desde a temporada 1989/90 até 2004/05, indicaram 11% das qualificações anuais ótimas, 18% boas, 27% regulares e 44% más. De acordo com esses índices, o período mais crítico ocorreu a partir dos anos de 1994/95, voltando a melhorar a partir de 2002/01, quando tiveram início as obras de saneamento no litoral, realizadas pela Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa). A presença de esgoto doméstico influi diretamente na qualidade da água das praias.