Litoral do Paraná continua um “penico”

Embora estejam muito longe de alcançar um índice de balneabilidade ideal, as praias do Paraná estarão menos poluídas neste verão. Uma campanha intensiva para que estabelecimentos comerciais e residências interliguem-se à rede de esgoto, que está sendo formada pela Sanepar, contribui para que menos dejetos cheguem ao mar. Também a promessa de que o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai lacrar as saídas de esgoto ligadas diretamente aos rios tem mobilizado os proprietários de imóveis que não desejam pagar multas nem responder processo por crime ambiental.

Por enquanto, uma área muito pequena do litoral paranaense conta com rede disponível para tratamento de esgoto (veja infográfico). Mesmo assim, alguns dos poucos privilegiados ainda insistem em manter fossas sépticas em seus terrenos ou direcionam os detritos diretamente para os rios. Recentemente, durante uma vistoria em 383 imóveis de Matinhos, a Sanepar descobriu que 65% dos condomínios, hotéis e pousadas apresentam irregularidades nas ligações de esgoto. Os proprietários receberam notificações e um prazo de até 30 dias para regularizar a situação.

O próximo passo será uma vistoria semelhante em Guaratuba, já no início do ano, e depois nos demais balneários.

Em Pontal do Paraná, município que abrange de Praia de Leste a Pontal do Sul, ainda não há rede de tratamento de esgoto disponível, mas a promessa é de que já em janeiro uma pequena parte da população passe a contar com este serviço. Depois do manilhamento virá o processo de conscientização da população para fazer a ligação adequada. ?É uma mudança cultural, inclusive?, salienta Romilson Gonçalves, gerente da Sanepar no litoral. ?Quem estiver próximo da rede, necessita desativar a fossa, fazer um tratamento séptico e aterrá-la?, explica Gonçalves. O custo da ligação do esgoto ao manilhamento corre por conta do proprietário do imóvel. Porém, um convênio entre Sanepar e prefeituras, possibilita que o serviço seja realizado por funcionários municipais e descontado na fatura da Sanepar em até dez vezes. Quem estiver interessado em fazer a ligação, pode agendar uma visita na residência pelo fone 115.

Comércio

No que diz respeito aos comerciantes, que são os maiores interessados em fomentar o turismo no litoral (e a garantia de praias limpas anima o turista), o presidente do Assindilitoral (sindicato que congrega hotéis, restaurantes, bares, casas noturnas e similiares), José Carlos Chicarelli, assegura que são feitas constantes campanhas para que todos cuidem do meio ambiente e principalmente tratem do esgoto, para que não seja lançado nos rios e siga para o mar. ?Nós sabemos que o problema de saneamento no litoral é secular. Em Ipanema, no verão, sai esgoto por tudo quanto é rua. Em Shangrilá não tem rede instalada e assim por diante. Mas a culpa não é só dos comerciantes. Tem muita casa de gente bacana que também tem problemas?, diz ele.

Chicarelli tem acompanhado os trabalhos da Sanepar e na semana passada fez um pedido à empresa para que lhe envie a relação dos comércios que não estão tratando corretamente do esgoto, para que o Assindilitoral faça contato com os proprietários e os incentive a regularizar a situação.

?Até agora não conseguimos a tal lista, mas estamos insistindo?, afirma.

Mara Cornelsen

IAP vai fiscalizar casas e comércio dos balneários

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) já começou a sua Operação Verão e promete rigor na fiscalização dos esgotos irregulares e no combate ao crime ambiental.

De acordo com Sebastião Garcia, chefe da fiscalização do IAP em Paranaguá e coordenador da Operação Verão, o órgão vai reforçar suas equipes de visitas nas casas e comércios e notificar quem estiver em situação irregular.

E quem deixar de fazer o que for necessário pode ser multado em R$ 1.500. As multas dobram em casos de reincidência.

?Nós não queremos tomar atitudes antipáticas, mas seremos obrigados a fazê-lo, caso não exista conscientização por parte dos proprietários?, diz ele, assegurando que nos próximos dias serão feitas fiscalizações de barco, pelos vários rios do litoral, e caso sejam encontradas saídas de esgoto, elas serão lacradas com concreto.

?Um rio leva de 3 a 4 anos para se despoluir, depois que o esgoto é retirado dele. Então nós temos que agilizar este processo, para que nossas praias fiquem cada vez mais limpas?, diz Garcia. O IAP também é responsável pelo monitoramento da qualidade da água do mar e nesta próxima semana já deverá estar atuando na orla, com barracas nas cores vermelha e azul.

Nos local onde estiver a barraca vermelha, é sinal de que é impróprio para banho. Nas azuis a água será apropriada. Também estarão sendo colocadas placas de sinalização nos locais impróprios, além daquelas já existentes e que permanecem o ano inteiro no litoral.

?Temos 15 pontos no nosso litoral que são impróprios para banho durante o ano todo. Nestes lugares nem fazemos mais as medições, porque sabemos que estão permanentemente poluídos. Nos demais, as medições são periódicas?, explicou. (MC)

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