As eleições terminaram, mas a sujeira deixada pelos cabos eleitorais ainda podia ser notada em vários pontos da capital, na manhã de ontem. Apesar da grande quantidade de santinhos e panfletos em algumas ruas, a Prefeitura informou que o contingente de coletores para realizar o serviço de limpeza não sofreria alterações, permanecendo os setecentos trabalhadores que fizeram a limpeza no primeiro turno. A estimativa é que se retire das ruas oito toneladas de lixo eleitoral até quinta-feira, quando deve ser encerrado o serviço de limpeza.
A bagunça se dava principalmente nas proximidades dos locais de votação. Durante todo o dia, em diversos bairros, era possível ver pessoas varrendo ou juntando com as mãos a papelada. A reclamação da população também foi grande.
“Jogar os santinhos é uma falta de educação muito grande. Não adianta nada fazer isso na véspera da votação, pois os eleitores já definiram seus candidatos”, disse a aposentada Zaíra Nery, que fazia a limpeza da calçada em frente à sua casa, nas proximidades do colégio estadual Maria Montessori, no Tingüi.
Nas proximidades do colégio estadual Guido Straube, nas Mercês, funcionários de um posto de combustíveis, além de executar suas atividades normais, tiveram que juntar os santinhos que invadiram a área do estabelecimento. “O vento bate e os papeizinhos são trazidos para cá (para dentro do posto). Juntar dá bastante trabalho”, afirmou o frentista Fábio de Melo.
Os que mais se incomodavam com a sujeira eram os coletores. Ontem, diversos deles se esforçavam para tirar os santinhos dos gramados, calçadas e meio- fios. A chuva de domingo dificultou o trabalho. “Os santinhos ficaram molhados e assim é mais difícil varrê-los”, constatou o coletor Irineu Suite Neto.
Catadores
Ruim para alguns, bom para outros. Para os cerca de 12 mil carrinheiros e catadores de papel da capital, a grande quantidade de folhetos, panfletos e santinhos nas ruas foi uma alternativa para garantir um dinheiro extra para os próximos dias. De acordo com a Associação dos Moradores da Vila Parolin, 80% da população do local trabalha com a coleta de papel.
Na época de eleição, informou o presidente da associação, Edson Rodrigues, o trabalho é reforçado. “Por mais que os garis e caminhões de lixo recolham os materiais, ainda dependem dos catadores. O volume de papel e de outros materiais encontrados nas ruas com o fim das eleições é enorme e os carrinheiros conseguem lucrar com isso”, afirmou.
De acordo com a associação, a eleição é uma das poucas épocas em que o volume de lixo pela cidade aumenta consideravelmente, dando oportunidade de aumentar a renda das famílias que trabalham com esse negócio. “Não é muito comum termos uma quantidade extra de papel nas ruas. O pessoal que trabalha coletando papel todo dia está acostumado com um volume bem menor”, completou Edson.