Limite na locomoção é vivenciado por estudantes na capital

Feições de puro esforço físico. Exercícios no parque ou na academia? Não. Sentimento de vivenciar, por alguns minutos, o que passam todos os dias as pessoas com deficiências pelas ruas da cidade. Participantes da Oficina sobre Ensino da Acessibilidade nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo, realizada em Curitiba, sentaram em cadeiras de rodas, usaram muletas e andadores para sentir na pele as dificuldades de transitar em espaços públicos. A experiência aconteceu ontem pela manhã na Praça Santos Andrade.

?Os degraus foram a pior parte. O piso de petit-pavé também é muito ruim, porque é irregular. O esforço faz o braço doer muito?, contou a estudante Carolina Biella Posanski, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que usou muletas, com as pernas amarradas, simulando um problema nas pernas. ?A gente sentiu muita dificuldade mesmo?, completa a também estudante Carla Tortelli, do mesmo curso e que passou pela mesma experiência.

A acessibilidade é direito de todo cidadão. Mas aqueles que possuem problemas de locomoção encontram barreiras que prejudicam, inclusive, a qualidade de vida. ?Vemos muito mais pessoas com deficiências em espaços públicos. Antes elas ficavam confinadas. As grandes cidades têm a obrigação de se adaptar?, explicou o diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCPR, Carlos Hardt.

A acessibilidade é mais discutida do que antigamente. Os estudantes e profissionais recém-formados estão conscientes desta necessidade. ?A acessibilidade não pode ser apenas uma disciplina, mas sim um conceito dentro de todo o curso?, comenta Hardt.

Os obstáculos presentes nas ruas, calçadas, praças e edificações não são enfrentados apenas por aqueles que possuem deficiência. Uma pessoa que quebrou a perna, por exemplo, vai passar pelas mesmas barreiras. Além disso, existem idosos, doentes e obesos. ?As calçadas pertencem ao poder público. As prefeituras delegam a responsabilidade para os proprietários porque a manutenção gera custo. Mas se faz asfalto para carro, porque não cuidar da calçada, que é parte da via? Torna-se vantagem para as prefeituras?, ressalta José Antônio Lanchoti, presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo.

A oficina, promovida pelos Ministérios das Cidades e da Educação, já passou por Porto Alegre, São Paulo, Niterói, Manaus e Brasília. ?Todas ruins no quesito acessibilidade?, considera Lanchoti. 

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