Licitação para segunda ponte cria polêmica

O processo de licitação para o projeto de engenharia da segunda ponte sobre o Rio Paraná, ligando Brasil e Paraguai, deve ser aberto no próximo dia 27 de fevereiro. A informação é do engenheiro supervisor da Unidade de Foz do Iguaçu do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit-PR), Vicente Veríssimo Júnior. A obra foi anunciada dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na última segunda-feira, 22, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Porém, o presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. (Ferroeste), Samuel Gomes, está em Brasília para participar de uma reunião com o coordenador-geral de Desenvolvimento e Projetos do Dnit, Hugo Sternick, na qual pedirá o adiamento da licitação. A intenção do dirigente é que a ponte seja uma ligação rodoferroviária entre os dois países, e não apenas rodoviária, como prevê o edital. ?Se trata de uma economia de recursos por parte do governo federal, o que é um crime contra a integração do Mercosul?, acusa Gomes.

Segundo ele, uma ponte bimodal agilizaria o processo de uma ligação bioceânica, além da instalação de um braço da ferrovia até a região da fronteira (a autorização para isso está concedida desde 1999). ?A região oeste é responsável por 25% da capacidade de produção de grãos do Paraná, e isso justifica a necessidade de transporte ferroviário, ideal para transportar esse tipo de carga?, acrescenta. Apenas o projeto de engenharia da extensão da Ferroeste até Foz do Iguaçu demandou investimento aproximado de R$ 8 milhões (com valores corrigidos).

A licitação para a ponte – que já sofreu dois atrasos (deveria ter sido realizada primeiro no dia 8 de janeiro e depois no dia 15) – prevê que a via seja construída com verba federal, num custo aproximado de R$ 120 milhões. A região do Porto Meira será a sede da aduana brasileira, ligando à cidade de Porto Franco, no Paraguai. ?O interesse é que a ponte esteja pronta o mais rápido possível, até por isso foi incluída no PAC. Acredito que a construção comece ainda em 2008?, diz Vicente Veríssimo Júnior. Segundo ele, a análise das propostas deve levar quatro meses e a empresa ganhadora terá 330 dias para fazer o projeto. Só depois disso é que a obra deve ser iniciada.

De acordo com o engenheiro, o principal objetivo da nova ponte é melhorar a integração da América Latina e facilitar o tráfego das pessoas entre Foz e as cidades paraguaias. Atualmente, o tráfego de veículos e pessoas está afogado, já que a Ponte Internacional da Amizade foi construída há mais de 40 anos e, de acordo com o Dnit, não suporta o grande movimento.

Conforme Júnior, o Dnit fez um estudo de viabilidade da nova ponte internacional em 2005, onde se constatou que não haveria ramal ferroviário em nenhum dos dois lados da fronteira nos próximos 15 anos e que uma ligação ferroviária sobre o Rio Paraná seria muito dispendiosa, dada a situação geográfica do local. ?E sabemos que o Paraguai não tem planos para estender sua malha ferroviária até a fronteira, o que tornaria a obra inócua?.

No entanto, o presidente da Ferroeste afirma que está em conversações avançadas com órgãos paraguaios, que teriam assegurado que têm interesse por uma ligação ferroviária na região. Tanto que no próximo dia primeiro está marcada uma reunião em Foz, entre lideranças comerciais e políticas e representantes do governo estadual, que irão formatar um documento pedindo o adiamento da licitação da ponte. O Estado apurou que o presidente da empresa estatal de ferrovias do Paraguai (Ferrocarriles del Paraguay), Lauro Benitez, e representantes do Ministério de Indústria e Comércio paraguaio já confirmaram presença no encontro.

?Está em curso um estudo de impacto econômico bancado pelo Banco Mundial para a instalação de portos multimodais em Foz. Queremos que o edital seja suspenso até que se finalize o estudo?, diz Gomes.

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