O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem com ministros e técnicos do grupo de trabalho interministerial que discute as medidas emergenciais de combate aos efeitos da seca na Região Sul. À noite, o pacote de medidas emergenciais foi anunicado. Está prevista a liberação imediata de R$ 300 milhões. Os recursos se referem ao pagamento do seguro rural, ProAgro Mais. Com os custos envolvendo a prorrogação de custeio e o alongamento do investimento, o total da verba para ações é de R$ 408 milhões. Além disso, o governo vai disponibilizar imediatamente R$ 800 milhões para crédito do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) para custeio e investimentos da safra de inverno, que começa em maio.
Mas movimentos de agricultores prometem ampliar na próxima semana as manifestações que estão promovendo, com bloqueios permanentes de estradas e ações em busca de alimentos. Lula deve visitar a região para anunciar detalhadamente as medidas na próxima quarta-feira. Atualmente, 407 municípios gaúchos estão em situação de emergência, 125 em Santa Catarina e 42 no Paraná.
Sanepar
Sem chuvas há mais de 60 dias, as regiões Oeste e Sudoeste do Paraná estão com o abastecimento de água ameaçado. Rios, minas e poços apresentam redução que vai de 20 a 90% no volume normal. Em algumas cidades a Sanepar já adotou medidas emergenciais, como a instalação de poços, captações alternativas e até o uso de caminhões-pipa, para que a população não fique sem água. No Sudoeste do Estado, onde a situação é mais crítica, a pecuária já começa a sofrer os efeitos da estiagem. Segundo o chefe Regional da Secretaria de Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) em Francisco Beltrão, Carlos Alberto Wust da Silva, houve diminuição de 35% na produção de leite na região. ?Se não chover muito, e logo, as pastagens não vão se recuperar. Isso compromete a pecuária local por, pelo menos, mais três meses.?
Previsão
E as previsões do Instituto Meteorológico Simepar não são animadoras. Até o final de março devem ocorrer pancadas irregulares, mas sem queda de temperatura. A tendência para abril e maio, período de menor volume de chuvas, é, no máximo, chover na média, informa o Simepar. Se confirmadas essas previsões, as regiões Oeste e Sudoeste devem atravessar o período do outono e do inverno ainda com seca. As chuvas que caíram nas duas regiões, no período de janeiro a março deste ano, são inferiores às médias dos últimos oito anos.
Em Curitiba, a vazão dos rios de abastecimento público está com 90%, considerada normal, informa a Sanepar. Na região Metropolitana, o principal rio que abastece a cidade de Campo Largo, o Itaqui, está com a capacidade comprometida.
Oeste
Em Cascavel, foi criada uma comissão envolvendo diversas secretarias para avaliar a situação em que se encontram as localidades do interior. Ontem, seus membros percorreram vários pontos para fazer uma avaliação.
Em vários locais foi constatado que as nascentes de água estão secando. Um relatório será encaminhado pela comissão ao prefeito Lísias Tomé no começo da próxima semana. Com base no documento, o prefeito vai decidir se decreta ou não estado de emergência na cidade.
Seab reafirma pedido de ajuda ao presidente
A Secretaria da Agricultura do Paraná reafirmou ontem, os pedidos feitos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para amenizar os efeitos da seca que atinge o Estado. No plano emergencial encaminhado ao governo federal, o Paraná pede a liberação de R$ 1,5 bilhão para o custeio do plantio de milho-safrinha e trigo; escoamento da safra de inverno (trigo 2004) e milho (2003 e 2004) para liberação de armazéns para a atual safra de grãos; operacionalização do Proagro Mais para indenizar as perdas financiadas com recursos do Pronaf; e prorrogação dos prazos de pagamentos das parcelas vencidas e a vencer dos financiamentos de custeios e investimentos para o fim dos contratos.
O governador Roberto Requião determinou na última terça-feira, dia 8, uma força tarefa para realizar obras emergenciais, como construções de pequenas barragens para captação de água, perfuração de poços e limpeza de córregos. O trabalho já iniciado está sendo feito em parceria pelas secretarias da Agricultura e do Transportes, através do DER e Codapar, e pela Sudhersa, Superintendência de Recursos Hídricos.
O governador homologou o estado de emergência decretado pelos prefeitos dos 47 municípios mais atingidos pela seca que vai, na prática, facilitar o trâmite de pedidos de ajuda dos municípios ao governo federal. Segundo a vice-presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) e prefeita de Pranchita, Iva Magnani, os municípios mais atingidos são aqueles da região de fronteira. ?A região toda sofreu com a estiagem, mas os municípios com situação mais dramática são Francisco Beltrão, Barracão e Pranchita?, afirmou.