Melhor condução das perícias médicas realizadas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Foi isso o que pediram ontem, em manifestação realizada em frente à sede do INSS da Rua João Negrão, em Curitiba, integrantes da Associação de Defesa dos Lesionados no Trabalho do Paraná (ADLT-PR). Os participantes do movimento criticaram a chamada ?data certa?, uma instrução normativa que, segundo eles, faz com que pessoas que ficaram incapacitadas em função de acidentes ou doenças, tenham que retornar ao trabalho em curto período de tempo, sem estarem totalmente recuperadas e em condições de exercer suas atividades profissionais.
?O que vem acontecendo hoje é que os peritos mal olham os exames dos pacientes e, muitas vezes, sequer os examinam. Eles simplesmente consideram um determinado problema simples, sem terem parâmetros para isso, e determinam que a pessoa retorne ao trabalho?, comentou o presidente da ADLT-PR, Paulo Coelho.
Sem opção, a pessoa acaba retornando à empresa na qual presta serviço. Quando chega ao local, não consegue cumprir suas funções com eficiência e, de acordo com Paulo, muitas vezes é demitida e taxada de incompetente. ?Também falta um maior envolvimento social de grande parte das empresas?, disse.
Durante a manifestação, a associação também procurou conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar as injustiças ocorridas dentro dos ambientes de trabalho ao Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde. ?No Paraná, existe uma lei que prevê o fim de isenção fiscal para empresas que causem lesões corporais aos seus funcionários?.
Lesionados
Diversas pessoas que participaram da manifestação diziam se sentir injustiçadas em perícias médicas. Era o caso da técnica em enfermagem Rosemari Guedin da Cruz Breve, que recentemente fraturou o calcanhar direito e já passou por três cirurgias, estando com treze parafusos no pé. ?Estou com gesso, andando de muletas e tendo que tomar um monte de medicamentos. Meu médico determinou que tenho que ficar oitenta dias parada, mas o perito do INSS disse que posso voltar ao trabalho no próximo dia 5. Não sei como vou dar conta dos serviços?, afirmou.
Outro que estava revoltado era o motorista de ônibus Izequias Santos de Souza. Há cerca de um ano e meio, ele foi afastado do trabalho por doze meses devido à uma lesão por esforço repetitivo no tornozelo direito. Passado o prazo, voltou ao trabalho por três meses e teve que ser afastado novamente por reincidência do problema. Recentemente, uma perícia determinou que ele deve voltar à sua função em 11 de janeiro. ?Meu problema vai e volta e exige um tratamento bastante demorado. Tem dias que não consigo andar de tanta dor?.
Médicos peritos discordam da ADLT-PR
O presidente da Associação Paranaense de Médicos Peritos da Previdência Social, Chil Zunsztern, afirmou que a ?data certa? foi instituída pelo Ministério da Previdência Social e considerada bastante positiva por reduzir as filas. Ele classificou como exageradas as colocações feitas pela ADLT-PR, e explicou que o julgamento das doenças é feito da maneira mais justa possível pelos médicos peritos em atividade.
?Cada doença tem um tempo de afastamento previsto. Em casos de males irreversíveis, a pessoa pode ser afastada por até dois anos e depois desse período retornar para nova perícia. Também existe limite indefinido, quando a pessoa é afastada indefinidamente e só volta ao trabalho depois de curada. Os médicos peritos são profissionais preparados para avaliar a capacidade laborativa e não fazem com que uma pessoa volte ao trabalho sem condições para isso?, informou. (CV)
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