A Lei de Biossegurança, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no começo deste ano, ainda causa muita polêmica entre sociedade civil, políticos, comunidade científica e organizações não governamentais. Segundo o senador Osmar Dias (PDT/PR), um dos autores da lei, ela continua sendo criticada por conter dois assuntos diferentes: as pesquisas com células-tronco e os organismos geneticamente modificados (OGMs). ?Se não colocássemos as duas questões juntas, não teríamos aprovado nenhuma delas. Não vejo contrariedade?, afirma. Dias proferiu ontem uma palestra sobre a Lei de Biossegurança na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba.
Dias acredita que sempre haverá polêmica sobre os transgênicos e as células-tronco, apesar da Lei de Biossegurança já estar em vigor. Ele revela que muitas vezes é preciso debater o assunto com quem não leu a lei. ?Passaram para a sociedade a imagem de que entrariam no supermercado e encontrariam um monstro (se referindo aos transgênicos)?, opina. De acordo com o senador, o conflito entre cientistas e ambientalistas sempre vai existir. Dias conheceu ontem o Laboratório de Engenharia de Transplante Celular da PUCPR, um dos mais avançados no estudo das células-tronco no Sul do País. O professor Waldemiro Gremski, diretor dos cursos de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde, explica que um dos focos das pesquisas da universidade é o uso de células-tronco para solucionar problemas cardíacos, como insuficiência e a recuperação do músculo do coração após um enfarte. ?Retiramos as células-tronco do paciente. Elas são cultivadas, multiplicadas e acrescidas às células musculares que também tiramos do paciente. Essas duas populações de células são colocadas no coração?, esclarece.
Já foram feitos testes em animais e em seres humanos. Os resultados serão apresentados em congressos científicos em breve.