João Francisco Zerbinatti Daniel converteu o motor do carro para gastar menos. |
Seduzidos pelo menor preço, muitos consumidores estão convertendo os motores de seus carros para o gás natural comprimido, mas não sabem que a lei exige vistoria anual para esses veículos. O empresário João Francisco Zerbinatti Daniel foi atraído pela promessa de economia. Ele gastou cerca de R$ 2.400, há um ano atrás, para fazer a conversão do veículo. Mas na hora de retirar licenciamento ficou sabendo que precisaria fazer a inspeção.
“Tive que pagar R$ 60,00 pela vistoria. Hoje acho que não valeu a pena a conversão e que fui envolvido por uma propaganda enganosa”, reclama Daniel. O administrador Lourival Batista Preuss também não sabia da necessidade da vistoria anual. Ele converteu, há cerca de um ano e meio, o veículo para gás natural, e diz que foi pego de surpresa pela notícia. “Eu já havia pago o IPVA e licenciamento, mas fui informado que o documento só seria liberado depois da vistoria. Se tivesse caído em alguma blitz de trânsito poderia ter sido multado, apesar de estar com os impostos em dia, pela falta de orientação”, diz.
De acordo com o coordenador de Veículos do Detran, Cícero Pereira da Silva esse procedimento existe desde março de 2001, período que as conversões começaram a ser feitas no Paraná. Todos os proprietários de veículos que fizeram a conversão há pelo menos doze meses devem apresentar ao Detran o Certificado de Segurança Veicular (CSV). Essa exigência de reavaliação anual é prevista no Regulamento Técnico de Qualidade 37 do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (InMetro). “Sem a apresentação do CSV o proprietário não terá como receber o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV)”, alerta Silva. O calendário de licenciamento começou em 13 de agosto e segue até 26 de novembro.
Segundo o gerente do setor de inspeção veicular do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Cláudio Rubens Busatto, essa inspeção anual é de grande importância. “É necessário que haja essa vistoria para precaver acidentes que possam vir a acontecer em razão de algum dos equipamentos não estarem em perfeito estado. A inspeção verificará as condições dos cilindros, reservatório, questões de válvulas e tubulações de alta e baixa pressão”, explica Busato.
No Paraná apenas o Tecpar e a Transtech Engenharia e Inspeção foram credenciadas pelo InMetro e Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para fazer a vistoria. O valor cobrado, informa Cícero Silva, é estipulado pelas próprias empresas, de acordo com tabela do InMetro. Quanto a divulgação da necessidade da vistoria, o funcionário do Detran informa que cabe as empresas especializadas na conversão informar os clientes. “A competência do Detran é só fazer o registro”, diz. Atualmente existem regularizados no órgão 4.117 veículos convertidos para gás veicular.
Preço
A conversão de um veículo a gasolina ou álcool para gás veicular natural varia de R$ 2.100 até R$ 3 mil. O produto, segundo divulga uma empresa que faz a conversão em Curitiba, chega a ser 75% mais barato que a gasolina. A Compagás, única empresa que fornece gás natural no Paraná, garante que um carro consome de sete a oito metros cúbicos de gás para percorrer 100 km. A venda de gás veicular representa 8% de total de 480 mil/m3 vendidos por dia pela empresa.
Mas o diretor do sindicato dos proprietários de oficina mecânica do Paraná (Sindirepa), Sandro Cluppeizaki, faz um alerta às pessoas que querem colocar em seus carros o GNV. “É preciso observar o histórico da oficina que fará a conversão, pois algumas reduzem o número de peças na hora da instalação em razão do custo que consequentemente ficará reduzido.” De acordo com Sandro, essa falta de equipamentos também poderá ocasionar acidentes.
No Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os consumidores pagam mais caro pelo gás natural. No Paraná o preço médio é de R$ 0,994 o m3, em Santa Catarina 0,948 e no Rio Grande do Sul R$ 0,978. O estado de São Paulo tem o menor preço, em média R$ 0,782 o m3. A Compagás alega que essa diferença existe porque o Sul utiliza 100% do produto importado da Bolívia, o que acaba refletindo no preço final.