Depois de criar um novo sistema no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba para unificar e diagnosticar os dados da violência na cidade, a médica legista Maria Letícia Fagundes foi proibida de utilizá-lo. Sem aviso prévio, a direção do instituto bloqueou a senha de Maria Leticia, que há mais de 40 dias aguarda para que seu ofício pedindo novamente a senha seja respondido.

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“Esses dados do IML estão sendo possíveis de serem coletados agora devido a uma nova ferramenta criada pela Celepar a meu pedido. Toda a sociedade tem a ganhar com o conhecimento destes dados, inclusive as autoridades da segurança pública”, diz a médica legista, que também preside a Associação dos Médicos Legistas do Paraná.

O bloqueio da senha aconteceu em meados de novembro, dias após Maria Leticia divulgar alguns dados que revelaram que as meninas entre 12 e 18 anos são os maiores alvos da violência sexual, e as mulheres adultas, com idade entre 19 e 50 anos, as principais vítimas de lesão corporal.

“Esses números foram divulgados porque são muito importantes para ajudar na definição da estratégia de segurança da cidade. Além disso, precisamos que a sociedade esteja ciente do que acontece e se conscientize. Informação é o primeiro passo para coibir a violência”, opina Maria Leticia.

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Além do bloqueio da senha repentino e sem explicação, a médica conta que também não teve seu ofício datado do dia 25 de novembro respondido. Em um primeiro momento, segundo Maria, ela pensava se tratar de algum equívoco. “Com o passar do tempo, ficou claro que não foi um engano. A direção do IML
não quer que seus funcionários e a sociedade tenha informação. Não existe clareza de conduta”, diz.

Os dados que são gerados no sistema idealizado por Maria Leticia são
gerados pelos questionários que os próprios funcionários do instituto
preenchem ao realizarem os exames nos pacientes, como por exemplo, de
conjunção carnal e lesão corporal.

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