O leão Rawell, que veio de Maringá para o Zoológico de Curitiba em maio, passou por exames completos na semana passada. Esta é a primeira vez que o leão é submetido a exames no Zoológico de Curitiba. Os exames mostraram problemas nos dentes, patas e recuperação de anemia.
Em maio, o animal foi apreendido pelo Ibama em Maringá e trazido sem necessidade de uso de sedação e anestesia. Pela condição corporal e estresse, os profissionais optaram por aguardar a adaptação do animal antes de realizar o check-up. No entanto, na semana passada o leão começou a mancar e, mesmo sendo tratado e voltando à normalidade, entendeu-se que era o momento de um exame completo de saúde do animal.
Com uma equipe de mais de dez veterinários, biólogos e zootecnistas da Prefeitura de Curitiba e da Universidade Federal do Paraná, foram feitos a sedação e anestesia, seguidos de exame clínico geral, exame e limpeza dos dentes e boca, exame e limpeza das patas e garras, raio-x digitais das patas e coleta de amostras de sêmen e sangue para exames.
A sedação foi feita com dardo e zarabatana pelo veterinário Manoel Javouroski, do próprio Zoológico, no recinto de manejo do leão. Rogério Robes, responsável técnico pelo Hospital Veterinário da UFPR, foi o anestesista da força-tarefa. “Este tipo de anestesia sempre tem riscos, pois além de ser um animal selvagem, não sabemos nada do histórico de saúde dele”, disse o anestesista.
Os exames revelaram um descuido na saúde bucal e dos dentes do Rawell, sendo necessária a realização de limpeza de todos os dentes. A avaliação das patas mostrou que o leão não possui as garras das patas anteriores, que foram retiradas, segundo informado pelo criador de Maringá, antes dos 4 anos de idade em uma cirurgia na qual as garras e metade das falanges distais foram retiradas, impedindo que as garras voltassem a crescer. O que causou surpresa aos veterinários no exame foi a exposição, infecção e fístula do osso de uma falange distal da pata dianteira do leão, que deve ter causado dor ao longo dos últimos 6 a 8 anos. Com as radiografias digitais realizadas no local, os profissionais confirmaram o problema e realizaram a limpeza, dreno e tratamento das patas. Caso volte a mancar, o leão talvez precise de uma nova cirurgia na falange para fechar por completo a lesão aberta.
Ao contrário do que foi informado pelo antigo criador, o leão Rawell não foi vasectomizado cirurgicamente. A coleta de sêmen mostrou que apesar da inatividade sexual, o leão apresentou espermatozóides viáveis. “Não temos por objetivo a reprodução de animais selvagens exóticos, ainda mais porque o Rawell sem as garras dianteiras perdeu o poder de defesa contra as leoas”, explica a chefe do Zôo, a bióloga Tereza Cristina Castellano.
Foram coletadas amostras de sangue e soro para testes laboratoriais. O hemograma completo – com contagem de plaquetas e testes bioquímicos de ALT, fosfatase alcalina, uréia, creatinina, proteína total e frações, colesterol total, triglicerídeos e glicose – mostrou que o animal está se recuperando da anemia e outros problemas. Amostra de sangue também foi enviada para testes moleculares (PCR em Tempo Real) nos Estados Unidos para verificar a presença de agentes infecciosos.
Para diretor do departamento de pesquisa e conservação de fauna da secretaria municipal do Meio Ambiente, Alexander Biondo, a guarda responsável de animais não se limita apenas em oferecer água e comida, sejam eles domésticos, de companhia, produção ou selvagens nativos ou exóticos. “É preciso garantir diariamente carinho, atenção, cuidado e exames periódicos para que a saúde e o bem-estar deles estejam sempre preservados. Tudo para garantir que o Rawell tenha a melhor guarda responsável possível na cidade de Curitiba”.