Lapa mantém a tradição dos tapetes coloridos

A chuva atrapalhou, mas não impediu ontem a tradicional confecção de tapetes de serragem no município da Lapa, a 71 quilômetros de Curitiba. Apesar do frio e do tempo ruim, muitos moradores acordaram de madrugada para preparar os tapetes nas ruas em frente a suas casas.

O costume é seguido desde 1934, sempre no Dia de Corpus Christi. No total, foram confeccionados 28 tapetes, que se estenderam do Santuário de São Benedito à Igreja Matriz, no centro. A serragem utilizada foi arrecadada pelos próprios moradores em serrarias do município. Já grande parte da tinta usada para colorir os desenhos foi fornecida pela Prefeitura Municipal.

Ao contrário de anos anteriores, este ano não foi estabelecido um tema único para a confecção dos tapetes. “Ficou combinado que o tema seria livre. Então, cada associação, escola, pastoral ou família participante teve que inventar o seu”, comentou a organizadora da atividade e integrante da equipe de liturgia da Paróquia Santo Antônio, Elizabeth Prestes Santos.

Muitas pessoas confeccionaram seus tapetes com base no tema da campanha da fraternidade deste ano: “Água, fonte de vida”. Foi o caso da psicóloga Seramis Vedovato, que nasceu no município da Lapa e desde criança participa da tradição. Ontem ela, a irmã e os sobrinhos acordaram às 6h para fazer um tapete. “Começamos a definir o tema de nosso tapete e a elaborá-lo há quinze dias. Na madrugada de quarta para quinta-feira, fomos dormir só às 2h para poder preparar os materiais. Depois, acordamos às 6h para começar a confecção”, contou. “Cresci em meio à tradição e a aprecio bastante. É uma forma de reforçar a fé das pessoas e fortalecer a união entre os moradores da Lapa. Todos se ajudam na hora de fazer os tapetes.”

Solidariedade

A comerciante Ana Kanut mora há 22 anos na Lapa e participa da tradição há quinze. Ela escolheu a solidariedade como tema de seu tapete e incentivou a população do município a doar alimentos e agasalhos às comunidades mais carentes: “A confecção de tapetes é muito forte na Lapa e atrai inclusive pessoas de outros municípios. A chuva e o frio nunca são empecilhos para que a população saia de casa para enfeitar as ruas”.

Às 10h, os moradores da Lapa se reuniram no santuário para assistir à missa de Corpus Christi, que foi celebrada pelo vigário Adenildo José Godoy. Com a chuva, a procissão, que iria acontecer até a Igreja Matriz, teve de ser cancelada.

Cidade celebra 235 anos de história

Amanhã a Lapa completa 235 anos de existência. A data, porém, é festejada na segunda-feira, Dia de Santo Antônio, padroeiro do município. As comemorações começaram na última quarta-feira – com a inauguração do novo aterro sanitário na localidade de Passo Dois – e devem se estender até o início da próxima semana, com realização de feiras de comidas típicas e apresentações musicais.

A Lapa possui uma área de cerca de 2.193 quilômetros quadrados e está localizada a 907 metros acima do nível do mar. A população é de cerca de 42 mil habitantes, dos quais 24 mil vivem na área urbana e 18 mil no meio rural, distribuídos em cinqüenta localidades ao redor do centro do município. “A cidade da Lapa ainda possui características bastante interioranas”, comenta o prefeito Paulo Furiatti. “Os moradores são muito hospitaleiros, prudentes, singelos e trabalhadores. Quase todas as pessoas se conhecem e possuem valores bem típicos de cidades pequenas do interior.”

No latim, Lapa significa “lápis-pedra”, nome adotado em função da existência das formações areníticas que formam a Gruta do Monge. Constituída por imigrantes alemães, italianos e poloneses, a Lapa foi fundada em 1731, às margens da Estrada da Mata. Sua primeira denominação foi Capão Alto.

Em 13 de junho de 1769, foi elevada à categoria de freguesia. Devido ao rápido crescimento, seus moradores enviaram uma petição ao governador-geral da Capitania de São Paulo para que Capão Alto fosse elevada a vila. Em 6 de junho de 1806, o município passou a ser denominado Vila Nova do Príncipe.

Comarca

No dia 30 de maio de 1870, foi criada a Comarca de Vila Nova do Príncipe, sendo instalada a 11 de junho de 1871. Em 1872, Vila Nova do Príncipe foi elevada à categoria de cidade, passando a chamar-se Lapa.

Atualmente, as atividades econômicas do município baseiam-se na agricultura, pecuária, avicultura de corte e na indústria extrativa. Os principais produtos cultivados são: batata, milho, feijão, soja e frutas de caroço.

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