Homenagem aos que morreram nas batalhas ocorreu no centro da cidade. |
Os cerca de 43 mil habitantes da Lapa – cidade localizada a sessenta quilômetros de Curitiba – comemoraram ontem os 111 anos do Cerco da Lapa, evento considerado de grande importância para a consolidação da República no Brasil. Durante a manhã, militares e civis se reuniram em frente ao Panteon dos Heroes, na Praça Coronel Joaquim Lacerda, para assistir a um desfile de tropas do Exército e da Polícia Militar em homenagem aos que morreram durante o confronto bélico. No Panteon, estão enterrados 28 soldados, entre eles o coronel Dulcídio Pereira e o general Antônio Ernesto Gomes Carneiro.
"Os desfiles (realizados todos os anos) são uma forma de homenagear o heroísmo de um povo na defesa de uma causa nobre e justa", comentou o coronel do 15.º Grupo de Artilharia de Campanha Altopropulsado, João Elizeu Souza Zanin. "Os que se encontram enterrados no Panteon deram o próprio sangue por uma causa."
Segundo o prefeito da Lapa, Miguel Hornug Batista, o Cerco é um acontecimento ao mesmo tempo triste, devido ao grande número de pessoas que perderam a vida, e de orgulho para a cidade. "O evento é de grande relevância para o Brasil. Por isso, homenagear os heróis é uma forma de enaltecer aqueles que, de forma corajosa, defenderam nossa cidade, nosso Estado e nosso País", declarou.
Cerco da Lapa
Em 1894, durante a Revolução Federalista, tropas locais da Lapa resistiram por 26 dias aos ataques de revolucionários do Rio Grande do Sul que eram contra o governo do presidente Floriano Peixoto. Dois grupos disputavam o poder, o Partido Federalista (cujos integrantes eram chamados "maragatos") e o Partido Republicano (cujos componentes eram conhecidos como "picapaus").
Os combates tiveram início em 15 de janeiro de 1894, quando os rebeldes tentaram derrubar as tropas mantidas pelo Paraná e chegaram à Lapa. A cidade ficou sitiada entre os dias 18 e 21 de janeiro. Trincheiras foram construídas pelos rebeldes ao redor de todo município. No dia 7 de fevereiro, foram baleados, entre outras pessoas, o general Carneiro e o coronel Dulcídio. No dia 9, Carneiro morreu e, dois dias depois, houve a capitulação das forças legalistas.