O advogado Jorge Marcelo Duarte Correa mora há 20 anos no Mercês. Já teve o carro furtado em frente de casa e a casa invadida. “Chamei a polícia, mas os bandidos escaparam”, revela. Ele conta que, pela sua experiência e de seus vizinhos, percebe que os ladrões costumam entrar nas casas à luz do dia, enquanto as pessoas saem para o trabalho. Também morador do bairro, há cerca de um ano e meio, o empresário Cleverson da Silva Ribeiro teve a casa revirada pelos bandidos. “Coloquei câmera, cerca, alarme. Estamos nos precavendo para tentar inibir”, diz.

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Cansados de conviver com a falta de segurança, população e comerciantes criaram a Associação de Moradores e Empresários do Mercês (Amoem), que tem como prioridade a segurança pública e luta junto aos órgãos públicos para resolver o problema. Segundo o presidente da Amoem, Antonio Carlos Carvalho (foto), os crimes que têm tirado a tranquilidade do bairro são assaltos a residências com famílias dentro dos imóveis, invasões de condomínios, sequestros relâmpagos, assaltos a veículos e assaltos à mão armada em comércios.

“Na Manoel Ribas, que é a principal via do bairro, tem comerciantes que trabalham com as portas fechadas. Algumas farmácias chegaram ao cúmulo de ter um assalto por semana”, revela. A violência no bairro gera desde traumas psicológicos para os moradores e comerciantes até dificuldade em contratar funcionários e desvalorização dos imóveis.

Desassistidos

não recebe suporte da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). Ele diz ainda que a falta de estrutura que os órgãos de segurança hoje apresentam agrava a situação. “A Polícia Militar não tem condições de fazer rondas frequentes nos bairros porque não tem pessoal, veículos nem estrutura logística”, aponta. O bairro é atendido pela 2ª Companhia do 12º Batalhão da PM, responsável por oito bairros de Curitiba e que, conforme Antonio, conta com apenas oito policiais por turno e dois veículos.

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Em relação à Polícia Civil, o presidente cita como problemas a morosidade e a falta de estruturas das delegacias, que estão sempre lotadas ou inexistem. Sobre a Guarda Municipal, ele afirma que muitas vezes a corporação não atua por limitações legais ou de pessoal e que falta um comando central. Como consequência das deficiências de cada órgão, a população do bairro “não tem atendimento de um porque é responsabilidade de outro, mas o outro também não atende porque não pode fazê-lo”.

Um cuida do outro

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Já que o apoio dos órgãos de segurança não é garantido, os moradores do Mercês se uniram para lutar contra a violência. Desde setembro de 2012, funciona o Vizinho em Alerta. “É uma medida simples. Cada residência cuida dos vizinhos das duas laterais e da frente. Ele tem um panfleto na geladeira com os telefones de todos e, a qualquer movimento estranho, pode dar o aviso”, explica Antonio.

Módulo não tem data

A Amoem e o Conselho de Segurança dos bairros Mercês e Vista Alegre, do qual Antonio participa, pedem a implantação de um módulo móvel da Polícia Militar – promessa feita em agosto do ano passado pelo então secretário de Segurança, Reinaldo de Almeida César. “O módulo daria maior mobilidade e facilidade para a PM e o atendimento poderia ser feito a tempo de a ocorrência ser sanada”, destaca.

Em julho deste ano, a associação recorreu ao Minist&eac,ute;rio Público para solicitar a implantação do módulo e espera resposta. Caso o MP não se pronuncie, a Amoem fará uma manifestação.

A Secretaria Estadual de Segurança Público informou que a licitação para compra dos módulos de segurança para o Paraná deve sair em breve, mas ainda não tem data. A intenção é começar a implantação por Curitiba, de acordo com estatísticas de criminalidade.

Veja o pedido dos moradores no vídeo.